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Mostrando postagens de janeiro, 2020

RABISCO

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RABISCOS O mundo se tornou um lugar chato, ninguém suporta mais essa racionalidade rígida de não sentimentos. As pessoas andam tão carentes, que se entregam a qualquer tipo de relação, inclusive as que só causam dor. Fugazes, vazias, compulsivas e doentias. Engana-se quem acredita que o mundo vivido de desafetos pode sobreviver. Engana-se quem acredita que qualquer migalha de amor basta.  Momentos são lacunas que ligadas formam uma vida. Entre esses espaços, que se faz traço, reto e perfeito, é o amor que com sabedoria liga uma pessoa a outra. Sem ele o sentir com o corpo nada mais é do que um rabisco, frágil, fácil de apagar. Sem desenho definido, sem vontade de contar histórias. Linhas soltas num papel. Forte traço, para ficar marcado é o que nos faz para sempre sermos únicos em amor e verdade. Eu desejo viver intensamente tudo que puder, mesmo que pra isso, ainda tenha que aprender a ler as linguagens desse desenho novo com a dor e a espera. Se minha vida tivesse hoje fim

Calar

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As vezes pensamos em algo, dizemos outras coisas, em outras vezes, pensamos, dizemos e fazemos coisas que nem sempre condiz com o que quer ser dito ou percebido. A forma com que as coisas são interpretadas, carregadas de sentimentos, temperados ao próprio gosto de quem diz, não revela a quem escuta a mesma dose de sentir. Não sabemos como essas palavras serão digeridas e chegarão a uns e outros. Há certas confusões no que eu quero dizer, e em como sou entendida. Bem, dialogar já não é fácil, mesmo com os que já lhe conhecem, e defendem o mesmo ponto de vista, quanto mais quando de alguma maneira o diálogo não tem o mesmo rumo, a mesma opinião. Diante desse ou daquele discurso entendo que se deve ter todo cuidado em expressar ou entender. Principalmente quando se é ator direto do contexto em que se fala. Existem meios de celebrar essa tal comunicação de modo a não agredir ou mesmo machucar os que escutam. Quando se pega um barco navegando e já em meio às condições de tem

O livro da minha vida

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Todos os dias me deparo com histórias e situações que me envolvem de um jeito muito sutil. Às vezes fico horas pensando, fazendo uma analise bem minuciosa das muitas possibilidades que aquelas histórias vistas como cotidianas e rotineiras trazem na essência da vida, porque o olhar do protagonista trás sempre uma ótica muito própria daquilo que se conta. E como eu amo ser tocada por histórias que tocam pessoas que se encontram, mensagens ditas num silencio intimo, onde os corações não conseguem expor em palavras. Tantos são os sentimentos guardados em seu interior. Somos seres em construção diária, e por essa mesma razão estamos também tentando a todo custo esconder nossas emoções. Porque é dolorido; porque foi sofrido, e o que passou e deixou marcas pode, por favor, se reservar ao direito de ficar ali, num canto escondido de nós mesmos, como se nunca tivesse existido. Esse boicote de sentimentos faz com que a frieza seja a capa de apresentação da nossa história, permitindo ao leit

ENCERRANDO CICLOS

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Mais uma vez estou aqui, encerrando ciclos. O tempo despede-se de mim com uma carga primorosa de aprendizado. Quando olho pra trás tenho a nítida sensação dos ganhos. Entre os altos e baixos que vivo, ainda consigo perceber as mudanças. Definitivamente o tempo não nos muda só por fora, as mudanças internas são mais profundas (pelo menos pra mim). E muito embora eu não tenha conseguido, ou melhor, lutado para atingir algumas de minhas metas, tenho muito a agradecer. Descobri-me tão capaz! Comecei uma viagem interna por fantasmas que passei a cultivar aos longos dos anos. Superei-me em tantas coisas. Coloquei de lado a segurança disfarçada na preguiça de querer buscar novos horizontes e me permiti ser explorada, por mim.   Fiz um acordo, de prestar mais atenção nas coisas que de verdade são importantes. Vivi momentos de pura solidão, abraçada a aquilo que eu mais temi a vida toda. Chorei... Lavei muitas vezes a minha alma com o sabor desse sal próprio, que brota dos meus olhos ca

ELO FORTE

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  ELO FORTE Acabou! Pronto, acabou! Foi assim que terminou mais um caso de AMOR gerado na adolescência, cercado de altos e baixos, que aliados à imaturidade e a falta de noção do que são sentimentos reais, desgastou-se com o tempo e tornou-se mais uma história de violência e dor. Ele fez as malas e foi viver seus sonhos com outra mulher, que acreditou naquela ilusão de que apenas comigo ele seria agressor. (Apenas comigo!) Ele se foi... E sem querer eu vivi uma mistura de sentimentos que mesclavam uma dor avassaladora, imensurável com uma insuportável possibilidade de liberdade. Eu finalmente estava livre! Aquela outra mulher havia escolhido viver a minha vida; assumido a minha dor. Havia inconscientemente me dado à chave da libertação. Enquanto as lágrimas rolavam em meu rosto, eu pude perceber todos os momentos que havia vivido, como se um filme reprisado passasse rapidamente na memória. E pude por um instante avaliar todos os momentos daqueles muitos anos. Foi quando

Coragem.

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O que podemos chamar de coragem? Coragem é poder ser aquilo que de verdade você é, em toda sua essência, respeitando inteiramente a sua verdade, se deixando perceber em defeitos e qualidades, podendo assim extrair de si o que de mais positivo cada um tem. Hoje eu quero falar dessa coragem. De se assumir. Tirar as amarras e deixar as máscaras; viver a mais perfeita oportunidade de reconhecer-se humano. Cheio de falhas, pequeno, incapaz... A vida realmente é um perfeito mistério, onde nenhum de nós jamais vai entender a razão pelo qual cada um estar aqui nesse lugar agora; vivendo essa vida. Passando pelas alegrias e sofrendo as dores que essa alma trás em carne. As cóleras, todo o sofrimento que estranhamente, muitos insistem em ter. Desapegar daquilo que nos faz sofrer por escolha, também requer coragem. Desconstruir-se da história, que por anos foi apresentada como única possibilidade de felicidade, mas que agora já não te faz tão feliz. Perder-se em meio as duvidas e não e

MATEMÁTICA

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Alguém já te perguntou o que desejas da vida? Bem, minha resposta é simples. Ser feliz! O engraçado é que como se chega a esse objetivo, ninguém sabe ao certo. Porque a felicidade ela também é feita das infelicidades. Daquilo que te ensina, que te faz chorar, te faz sofre, te faz crescer.   Daquilo que um dia foi à coisa mais importante na sua vida e que hoje não faz o menor sentido. Porque a vida é mutável, inconstante, cheia de altos e baixos. Caminhos complexos de ilusões e desilusões.   E por alguma razão, até então desconhecida, durante essa caminhada vamos nos construindo e nos desconstruindo. Eu gostava tanto de ser criança que nem fiz muita questão de crescer. E me lembro de como isso me fez infeliz por tantos anos (Eu desejava muito ser alta!)   Sentia-me tão feia, aquela coisinha pequenina no meio da turma, que todos achavam que estava no lugar errado, sempre tendo que responder as perguntas sobre a minha idade e o meu tamanho. Não sei se por isso ou pelo fato de ter

BARBIE

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Quando eu era criança, minha felicidade era possuir uma boneca. Sabe aquelas Barbies? Que faziam qualquer menina da minha época sonhar com elas?   Pois bem, ela era um ideal de mulher, que inconscientemente eu queria ser. Linda, sempre na moda, maquiada, nunca envelhecia, passava a impressão de ser muito bem resolvida. Aqueles cabelos, e o corpo então?! Perfeita em tudo. O que era aquilo? E mesmo quando a Barbie se apresentava em suas várias versões profissionais, ele era sempre a protagonista bem-sucedida. Ela me fazia sonhar com aquilo, em ter uma profissão, em não depender dos homens, não esperar por um príncipe encantado. A Barbie sempre teve seu lugar de destaque. E ao contrário das outras bonecas não se fazia de coitada, ela era altiva, dominava, a número um ... Quem não gostaria de ser assim? Pois bem, eu gostaria. Lembro que chorava horrores pra poder brincar com elas, nunca pude possuir uma. Quando ia passear na casa das minhas primas ficava horas me humilhando pra

Verões

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Eu tive que renascer. (Não me deram opções...) Com toda a dor mesmo sem querer. Como se fosse pele que se renova depois de um verão intenso. Desses que o sol pinta    bem mais do que a beleza da cor. Desses que ardem com intensidade queimando de fora pra dentro. Mas levou consigo partes de mim. Me mudando aos pedaços, pequenos, bem finos, quase invisíveis, mas muito profundo. Depois de toda descamação, me fiz nova, viçosa, lindamente renovada. Firme, rica em marcas capazes de contar tantas histórias. Pronta para outros verões. Izângela Feitosa

DE TODAS AS CORES A PREFERIDA É AMAR-ELA

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Sou uma observadora natural do meu cotidiano, gosto de perceber como as coisas se transformam com o passar do tempo. Lugares pessoas, costumes. É comum ver espalhado pelos cantos dos muros desenhos e frases, alguns até bem interessantes. “DE TODAS AS CORES A PREFERIDA É AMAR-ELA.” Me prendo por alguns minutos no que está escrito, reflito sobre sentimentos presentes; alguns rabiscos são tão cheios de alma, e demonstram toda uma necessidade de gritar ao mundo como estamos presos a nossa falta de amor. Os muros recebem mais declarações do que os olhos reais de quem dizemos verdadeiramente amar. É tão fácil deixar ali expresso pra qualquer um que possa sentir. Talvez por medo...por não saber se relacionar com todos os alicerces que nos faltam pra sustentar a verdade do amor.   As palavras são ditas sem a menção do que realmente desejo dizer. É preciso um muro pra refletir...Gritar talvez fosse mais fácil, mas esse som interno que grita dentro de cada um, não pode ser ouvido a

JESUS ESTÁ VOLTANDO

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Outro dia li num um post: Jesus está voltando!  Aliás esse é sempre um dito bem presente em vários lugares, não só nas redes sociais, mas em outros espaços. Igrejas, propagandas, postes, panfletos; mas essa simples frase traz consigo uma série de questionamentos. Fé e medo se encontram imediatamente, fé pelo que sabemos sobre ele, medo do que não podemos certificar. E me faz pensar nas coisas que vivemos atualmente, entre elas o fanatismo religioso associado a ideia de salvação; ao orgulho de simplesmente se dizer de Jesus. Jesus não está voltando, e já está entre nós, eu mesma a vi esses dias. Conversamos por alguns momentos, e é sempre bom tê-lo por perto. Mas houveram dias em que eu não o vi, não o conhecia, sequer fui capaz de perceber a importância da sua existência. Eu ouvi falar sobre Jesus desde de muito pequena. Soube que me conhecia antes mesmo que eu tivesse nascido. E antes mesmo que eu tivesse um nome ele já sabia.  Mas meu encontro com ele não foi de imediato

O SOL

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Há dias em que me deparo com a mais profunda das dores, enfrentar os fantasmas da alma, nos fazem mergulhar profundamente no mais íntimo de nós. Pensamentos nos traem em insistentes e constantes tramas arquitetadas de artifícios, que só a mente faz. Nesses dias é quase impossível encontrar o sol ... A luz é companheira indesejada. Abrir os olhos e enxergar o mundo é um exercício dolorido. Não encontro cor, perco-me no frio que a solidão trás e deixo-me ali sozinha sentir apenas o tempo passar. E ele não passa... Quando eu era criança, eu tinha medo de tudo. De cair, de nadar, de correr, de apanhar, de sofrer, de viver... Não sei quantas vezes eu passei mal por alguma coisa que perturbava minha mente. Eu era calada, não entendia o sentido de sofrer. Talvez por ser tão sensível. Talvez porque meus pais não tivessem o tempo ou dedicação pra prestar atenção, não sei... Não fui uma criança difícil, muito pelo contrário, em disputas com os irmãos eu sempre ficava para a última opç

E SE FOSSE SEU FILHO?

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E se fosse seu filho?  Nada de novo, tudo normal... Foi apenas mais um que apanhou na rua... porque mereceu... merecia... vai sempre merecer... Demorei um pouco pra escrever algo a respeito, por que precisei digerir isso muito calmamente. Homofobia não é lá um assunto muito digestivo! Coisas como essas me parecem tão surreal, que é impossível se omitir. Mesmo sem conhecer de perto as vítimas, e nem precisamos conhecer,dá pra entender que estamos diante de crimes de proporções desumanas demais. Assistimos a casos de homofobia diariamente na TV, e temos a sensação de que se trata de algo tão distante. Mas não é! Estamos imersos numa sociedade tão adoecida de ódio, desrespeito, poder, e ganância, que não notamos a proporção do que está em jogo. Vida... vidas! O Brasil é hoje o país que mais mata mulheres e LGBTs no mundo. Isso é uma estatística real e bem cruel. A expectativa de vida de alguém gay é de no máximo 35 anos. Vocês têm noção do que é viver tão pouco? Condenado

O ídolo, o machismo e as putas

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Não é de hoje que ouço e assisto na TV casos e mais casos de feminicídio. As estatísticas dizem que estamos diante de um genocídio; a cada uma hora e meia uma mulher é morta no Brasil, e isso vem repercutindo quase como um apelo gritante, onde nós mulheres não encontramos resposta. Estamos diante de um caso de saúde pública. Esses últimos dias me chamou atenção dois casos regionais que me fazem refletir a respeito dessas violências. Em contraponto com um outro evento apresentado pela mídia, o caso do goleiro Bruno, disputado por grandes clubes do nosso futebol Brasileiro. Vou contar um pouco sobre os feminicídios a que me refiro especificamente nesse texto.  Um, ocorrido em Juazeiro do Norte, onde uma jovem grávida, foi encontrada morta, a golpes de faca, amarrada e despida, em sua casa, onde residia com um filho de 5 anos, autista. O outro, ocorreu em Fortaleza, onde um homem pegou sua esposa, dentro de um carro, atirou contra ela pelo menos três vezes, abriu a porta e j

FOI UM TAPÃO

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Lendo aqui algumas críticas à respeito de Papa Francisco em relação ao ocorrido na praça São Pedro no primeiro dia do ano, quando foi puxado por uma mulher que insistiu em lhe prender a mão, o Papa reagiu com uns tapas contra a mão da mulher. É o auge, quando acontece algo desse tipo, principalmente por ser o Papa uma pessoa pública e muito carismático. Fiquei pensando como é difícil ser Vossa Santidade. O tempo todo vigiado, cobrado, um pequeno desluze e pronto, lá se foi a tudo por água a baixo. É cruel demais...Desgastante, cansativo, desnecessário! É sabido por todos nós que a bondade e a santidade são coisas permitidas aos homens reais, assim como os erros; e que o fato de ser um homem de igreja em nenhum momento te exclui dos pecados do mundo, embora a grande massa religiosa, de todas as denominações acreditem que o simples fato de dizer que aceita Jesus, já o faz ser melhor do que os outros. Eu discordo. Pra mim Papa Francisco deu um tapão. Um tapão na cara dos

Vai ter que rebolar.

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Anos atrás fui prestigiar o festival de dança que acontece aqui em minha cidade já a algum tempo. Estavam lá para serem celebrados algumas personalidades escolhidas pela significância cultural dentro da proposta do evento. Como uma boa apreciadora da cultura, algumas dessas personalidades me eram bem familiares. É sabido que ao longo dos tempos algumas coisas perpassem o caráter da existência e caiam no esquecimento por razões, às vezes, até questionáveis. Mas minhas memorias são território de muitas recordações bem relevantes ao caso, uma vez que desde de criança gosto e me aventurava na proposta artística, até descobrir que minha afinidade mesmo mora aqui na escrita. Mas o evento é importante, a concepção de celebrar junto as novas gerações os feitos passados são totalmente louváveis, exceto por algumas ressalvas. Havia nessa cidade um certo rapaz bem jovem a época, que era tão naturalmente arte, que por onde andava deixava sua marca. Ele viva um personagem o tempo todo. (

ValorIza

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Desde que me separei comecei a praticar comigo uma forma de ressignificação dos meus conceitos e mudar a forma de enxergar a vida. Foi nessa ruptura que finalmente eu consegui visibilizar o que me sabotava profundamente, e partir dai comecei também a promover estratégias de mudar esses gatilhos de sabotagem em mim e nas pessoas próximas. Um dia eu senti a necessidade de dizer a minha filha coisas que eu nunca havia dito diretamente a ela. Nós mães, somos orgulhosas de nossos filhos quase que intermitentemente, mas quase nunca paramos pra dizer a eles o que qualquer ser humano no mundo gostaria de ouvir. Nos dedicamos incansavelmente a correção daquilo que não nos agrada, nos tornamos repetitivas, chatas, implacáveis nas pressões de exigir que aquele ser humano em formação, atinja o mais rápido possível a maturidade, que nós sabemos depender de tempo, esforço, apoio e muita dedicação. Nos tornamos as nossas mães com todos os mesmos erros repetidos e nunca avaliados.   E f