FOI UM TAPÃO


Lendo aqui algumas críticas à respeito de Papa Francisco em relação ao ocorrido na praça São Pedro no primeiro dia do ano, quando foi puxado por uma mulher que insistiu em lhe prender a mão, o Papa reagiu com uns tapas contra a mão da mulher.

É o auge, quando acontece algo desse tipo, principalmente por ser o Papa uma pessoa pública e muito carismático. Fiquei pensando como é difícil ser Vossa Santidade. O tempo todo vigiado, cobrado, um pequeno desluze e pronto, lá se foi a tudo por água a baixo.

É cruel demais...Desgastante, cansativo, desnecessário!

É sabido por todos nós que a bondade e a santidade são coisas permitidas aos homens reais, assim como os erros; e que o fato de ser um homem de igreja em nenhum momento te exclui dos pecados do mundo, embora a grande massa religiosa, de todas as denominações acreditem que o simples fato de dizer que aceita Jesus, já o faz ser melhor do que os outros. Eu discordo.

Pra mim Papa Francisco deu um tapão. Um tapão na cara dos fanáticos religiosos, dos politicamente corretos, revestidos de ódio.

Penso que quanto mais perto das regras religiosas mais distante pôde-se está Deus.

O papa assim como cada um de nós é um ser humano falho e repleto de defeitos, que certamente deve lutar arduamente para se manter minimamente no pecado. Fugindo muitas vezes do inevitável. Mas as coisas acontecem sem previsão, não temos o controle. E não estou levando essa questão pelo fato dele ter usado do seu direito de reagir a algo que não gostou de forma não educada, o que até já se desculpou, mas pelo fato de ter repercutido essa atitude como algo cruel.(o que chega a ser até contraditório, diante de tanta violência, promovidas nos últimos tempos).

Prefiro vê-la pelo lado mais comum, pois eu talvez tivesse feito a mesma coisa. Deve ser estressante ser o tempo inteiro o Papa, pois por trás daquele título está Jorge, o padre que lê Paulo Freire, que gosta de futebol, que gosta de comer a mesa com os amigos, e que dança um tango pra desopilar.

Prefiro vê-lo com os olhos da humildade, que é a sua bandeira primeira, antes mesmo dos dogmas cristãos que ele sempre questiona em suas homilias.

Francisco é mais Francisco quando é Jorge, o menino argentino que pensou em desistir, que lutou contra o sistema, que assumiu a fé com o amor, e não pela obrigação.

Francisco é Papa, é pop e é humano, gente como a gente.

Esse episódio me fez pensar no quanto há no mundo pessoas confusas quanto a Jesus. No quanto assumir uma religião pra criar um personagem é válido nos dias de hoje. Quantos Santos terríveis teremos??

Francisco não deseja ser santo, pois ele sabe da sua humanidade, trabalha nela diariamente, assumi seus erros, reconhece suas maldades, permite-se evoluir. Sem segregar, sem ofender, sem agredir ninguém.

Claro que ele deve ter seus inimigos, afinal nem Jesus ficou sem os seus.

Mas no geral Francisco só mostra que os nossos pecados não diminuem a nossa fé. Que o orgulho que assola um religioso não a salva, mas sim a humildade de assumir nem que seja intimamente o mal que há em mim.



Izângela Feitosa



Comentários

  1. Perfeito. Me faz refletir sobre meus próprios atos. Quantas vezes nos arrependemos de algo e nem sequer pedimos perdão? Muito bom.

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    1. Essa é a verdadeira pratica religiosa, autoavaliativa dos nossos atos. É preciso coragem pra assumir nossas fragilidades.

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