CORPO PARA UM BIQUINÍ
CORPO PARA UM BIQUÍNI
Temos entre família, um
combinado, de todos os anos fazermos uma viagem para aproveitar ao máximo a
nossa própria sintonia. É um momento de resgate também das nossas memórias
afetivas infantis, como quando papai nos unia todos dentro de um carro pequeno
e íamos curtir a nossa linda capital do sol. Essa é uma tradição que nos
forçamos para manter, especialmente depois dos nossos filhos, assim juntamos,
avós, filhos e netos, e nessa união partilhamos bons e novos momentos juntos.
A praia, é sempre um
lugar de boas energias e lembranças, acho que já disse várias vezes o quanto
sou solar, o quanto gosto dessa energia do sol, do brilho, da luz, de tudo que
lugares ensolarados podem trazer em energia renovadora. É na praia que sinto a
presença de Deus, e sob os ventos que por lá soam me sinto envolvida num
cuidado esplender.
Pois bem, após
escolhermos o lugar para nossas aventuras, o próximo passo é sempre os
preparativos. Aquela ansiedade, a preocupação que não tínhamos quando criança
agora se torna mais real. O cuidado agora é nossa responsabilidade. Filtro
solar não era um artefato usado por nós, há 20 anos, agora é um item de
sobrevivência. Só que algumas coisas não mudam, como por exemplo a escolha de
um biquíni.
Pensando por essa
lógica, depois de executar todos os itens da minha checklist, procurei então,
uma loja para comprá-lo. Se vocês não sabem, a minha cidade não apresenta
tantas possibilidades de compra, principalmente quando não correspondemos ao
padrão exigido pelo senso comum. Mas se precisava de um, tive que começar minha
busca.
Cheguei então numa loja
dessas que vendem todo tipo de vestuário masculino e feminino, e então fiz a
pergunta a dona da loja:
-Tem biquíni?
-É para você? Ela me
olhou, como quem faz um raio x de você em poucos segundos; escaneou todas as
curvas do meu corpo real, e completou:
-Não seria mais
apropriado você comprar um maiô? Você não tem mais corpo e nem idade para usar
um biquíni.
Por um instante achei
não ter entendido a situação, mas ela fez questão de ressaltar:
-Olha, aqui na frente
temos modelos para senhoras “cheinhas” como você, tenho certeza de que temos um
maiô que lhe serve.
Foi aí que a minha
ficha caiu...
-OI? Você
compreendeu o meu pedido, senhora? Lhe disse que gostaria de um biquíni, não
estou à procura de um maiô! Se assim o quisesse havia de ter-lhes perguntado.
Ela tentou remediar de
um jeito ainda mais ofensivo.
-É que não acho bonita
uma mulher assim como você de biquíni, acho que não combina. Um biquíni não
disfarça todas as gordurinhas. Um maiô fica mais comportado.
-Ei!! Como assim uma
mulher como eu? Quem disse que quero me comportar? Não estou pedindo sua
opinião. Se não tem um biquini, tudo bem; mas ficar opinando sobre meu corpo é
totalmente desnecessário, aliás é antiético, desrespeito e preconceituoso.
Tenho total consciência do meu corpo, do meu sobrepeso, da minha altura e da
minha idade, e nada disso vai ditar como devo ser feliz. Sou eu quem decide o
que vestir e não a roupa, ou um maiô, ou mesmo você!
Saí de lá sem comprar o
tal biquíni e fiquei a questionar. Por quê? Qual a razão de alguém usar de sua
opinião para ordenar o que outra pessoa deve ou não usar?
Que pessoa está num
estágio tão infeliz consigo, a ponto de só conseguir enxergar o que ninguém
precisa ver.
Como alguém pode se
sentir no direito de dizer o que é ou não melhor pra mim, a partir dos olhos
dela? Não aceito esse tipo de reprovação. Porque sei que sou linda do meu
jeito, e esse corpo que habito é perfeito pra mim.
Basta saber que o meu
corpo é o meu melhor lugar de morada, é ele quem guarda a minha essência, que
comporta a minha alma e que revela através dela, a energia que quero exalar.
Não tem nada a ver com
o número que visto, ou com o que escolho vestir. Se biquíni ou maiô, posso
escolher. Uma roupa mais solta, um vestido colado, ou mesmo um cropett, que na
minha opinião é o auge da autoestima. Isso vai depender de como a minha energia
está naquele dia, do quanto estou bem comigo.
Aprendam ... “BELEZA É
UM ESTADO DE ESPÍRITO”, que revela o que se tem por dentro. Claro, que não se
deve promover a obesidade, por uma questão de saúde, entendo, mas se estou bem,
que mal tem? Precisamos respeitar nossos corpos e nossas singularidades
corporais. Nos aceitar.
Resultado... nunca mais
voltei naquela loja. Comprei meu biquíni em outro lugar.
E se quiser um maiô,
vou usar, seja o que for, se me sentir bem, vou usar, ninguém pode me regrar a
isso.
Então essa é lição de
hoje. Não há nada de errado com seu corpo, ele é como deve ser você; porém
cuide dele, como um habitat precioso de você, é nele que você vai sempre estar,
e isso é o que mais importa.
Viva!! Seja feliz,
curta a praia e se joga na vida, porque ela passa rápido demais para ficar se
punindo por não ter um corpo para um biquíni.
Izângela Feitosa
Obrigada por colocar aqui oq eu tenho em pensamento!
ResponderExcluirVERDADE
ResponderExcluir👏👏👏
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