DE TODAS AS CORES A PREFERIDA É AMAR-ELA


Sou uma observadora natural do meu cotidiano, gosto de perceber como as coisas se transformam com o passar do tempo. Lugares pessoas, costumes. É comum ver espalhado pelos cantos dos muros desenhos e frases, alguns até bem interessantes.

“DE TODAS AS CORES A PREFERIDA É AMAR-ELA.”

Me prendo por alguns minutos no que está escrito, reflito sobre sentimentos presentes; alguns rabiscos são tão cheios de alma, e demonstram toda uma necessidade de gritar ao mundo como estamos presos a nossa falta de amor. Os muros recebem mais declarações do que os olhos reais de quem dizemos verdadeiramente amar. É tão fácil deixar ali expresso pra qualquer um que possa sentir. Talvez por medo...por não saber se relacionar com todos os alicerces que nos faltam pra sustentar a verdade do amor.

 As palavras são ditas sem a menção do que realmente desejo dizer. É preciso um muro pra refletir...Gritar talvez fosse mais fácil, mas esse som interno que grita dentro de cada um, não pode ser ouvido a distância. É silencio! Ele mais cala do que fala.

O coração deixou de ser um lugar visitável, possível para toda essa exposição, perdeu o rumo, ninguém encontra mais. A razão daquilo que eu sinto deve ser escondida, e assim criamos nossas máscaras sociais. Cada um do seu jeito, com a sua opinião, seus conceitos, vida própria, suas próprias convicções. Não paramos pra ouvir, sequer lhes damos atenção. Uma perfeição repleta de defeitos guardados dentro de cada um, sufocando e matando aos poucos o que de autentico ainda temos em nós.

A realidade do artista que pinta um muro, que escreve poemas, é a realidade de uma alma doida, perdida em seu próprio eu. Que não encontra o caminho certo pra exalar aos outros todo seu perfume de arte, pois nem sabe que é disso que se fala. Arte de amar em qualquer parte.

 O artista visita lugares sombrios, as vezes casa-se com a tristeza; faz dela companhia produtiva de seus cantos, de suas dores. Entrega cada lágrima com um potencial poético capaz de traduzir alegria. Esconde suas feridas, conversa com a melancolia, e usa de todos os espaços como uma tela em branco pra sua viagem sem fim. De dor, e amor. O artista é o próprio encanto de si.

Os becos, os muros, palavras soltas, desconexas, fazem todo sentido dentro da alma do poeta. É como um elo de ligação, costurada pela emoção do desencontro, da saudade, da ausência e até da maldade. O artista conhece mais do desamor do que da felicidade. Nela, cansada de procurar espaços pra sua solidão, encontra nos muros espaço suficiente pra ser ainda que invisível, arte latente da sociedade.

São palavras vivas, de almas presentes, que entregam aos cantos das ruas um pouco do amor que já não cabe mais em si.  Que já encontramos

facilmente. Recados dados com a sutileza de quem diz, que ainda vale a pena ser amor.



Izangela Feitosa


Comentários

  1. O amor e aceitavel em tudo e em todos a qualquer hora e em qualquer Lugar.

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