ELO FORTE

 

ELO FORTE


Acabou! Pronto, acabou!

Foi assim que terminou mais um caso de AMOR gerado na adolescência, cercado de altos e baixos, que aliados à imaturidade e a falta de noção do que são sentimentos reais, desgastou-se com o tempo e tornou-se mais uma história de violência e dor.

Ele fez as malas e foi viver seus sonhos com outra mulher, que acreditou naquela ilusão de que apenas comigo ele seria agressor. (Apenas comigo!)

Ele se foi... E sem querer eu vivi uma mistura de sentimentos que mesclavam uma dor avassaladora, imensurável com uma insuportável possibilidade de liberdade. Eu finalmente estava livre!

Aquela outra mulher havia escolhido viver a minha vida; assumido a minha dor. Havia inconscientemente me dado à chave da libertação.

Enquanto as lágrimas rolavam em meu rosto, eu pude perceber todos os momentos que havia vivido, como se um filme reprisado passasse rapidamente na memória. E pude por um instante avaliar todos os momentos daqueles muitos anos. Foi quando me deparei com uma grande surpresa; eu havia sido tão infeliz.

O que não fazia sentido era como eu ainda insistia em permanecer num relacionamento que me aprisionava, maltratava, anulava, e matava-me lentamente.

Cada lembrança extraída da minha memória me fazia perceber quantas noites acordadas com medo, ao som de soluços eu havia resistido.

Todas as demonstrações de desafeto que começaram bem no início, com pequenos apelidos que diminuam a minha imagem, subestimavam minha inteligência e me faziam acreditar que além de feia, eu era burra e incapaz.

De uma forma arbitraria e repressora ele me convenceu aceitar sua opinião como se minha fosse. Repreendia minha fala, minhas roupas, amizades, família, minha vida. Fez de mim um comando perfeito de suas vontades, programada apenas para servi-lo.

Humilhar, agredir, ameaçar, privar, diminuir... Aceitar. Gritos; força, dor e confusão. Cada minuto dessa relação doentia foi me tirando à graça, distanciando-me cada vez mais da minha essência. Até eu não me achar mais.

Perdi o tempo, a razão, a dignidade, o amor-próprio, a esperança, abalada em minhas emoções. Incapaz de dar um basta, eu permitia que cada dia fosse à possibilidade de ser último. Perdida inteiramente, eu não sabia mais o que sentia. Se é que eu ainda sentia!

Foi quando eu perdi tudo que encontrei a verdade. Se foi crime ou castigo, culpa ou omissão, só sei que depois de provar desse desamor, da ingratidão sem compaixão, eu entendi o que não é amor. Foi só quando ele me deixou, que eu soube o que é amar.

Se deixarmos de ser em essência aquilo que verdadeiramente somos por AMOR ao outro, também deixamos de compreender o amor e passamos a ser apenas carência, suporte de afetos frágeis, tentando a todo custo suprir essa falta de nós, que mutila e mata.

Sabe como eu sei disso? Eu tive que matar em mim tudo que aquela relação doentia me fez. Tive que me perder e me perdoar. Pra só assim construir um elo forte de amor-próprio, de sustentação, que hoje é a marca mais VIVA em meu coração.

 

Izângela Feitosa






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