JESUS ESTÁ VOLTANDO




Outro dia li num um post: Jesus está voltando!  Aliás esse é sempre um dito bem presente em vários lugares, não só nas redes sociais, mas em outros espaços. Igrejas, propagandas, postes, panfletos; mas essa simples frase traz consigo uma série de questionamentos. Fé e medo se encontram imediatamente, fé pelo que sabemos sobre ele, medo do que não podemos certificar. E me faz pensar nas coisas que vivemos atualmente, entre elas o fanatismo religioso associado a ideia de salvação; ao orgulho de simplesmente se dizer de Jesus.

Jesus não está voltando, e já está entre nós, eu mesma a vi esses dias. Conversamos por alguns momentos, e é sempre bom tê-lo por perto. Mas houveram dias em que eu não o vi, não o conhecia, sequer fui capaz de perceber a importância da sua existência.

Eu ouvi falar sobre Jesus desde de muito pequena. Soube que me conhecia antes mesmo que eu tivesse nascido. E antes mesmo que eu tivesse um nome ele já sabia.  Mas meu encontro com ele não foi de imediato, embora sempre me procurasse. Os lugares por onde andei não tinham muito a sua cara. Talvez porque quando tudo está bem não precisamos de sua ajuda. Mas aí eu me pergunto...quando tudo está bem? 

Essa é a pergunta que mais me fiz, quando finalmente entendi sua vinda. O nosso encontro estava certo, marcado pelo tempo e pelo desejo que a vida nos preparou. Conheci Jesus quando o deserto me assolou. Quando tive que mergulhar no mais profundo vazio de mim, pra entender que eu não sou nada.

Foram dias de frio, escuro, perdido num mundo que eu havia certeza que conhecia. Sua mão me encontrou caída no chão aos pedaços. Tão destruída que beirava a morte... e era ela quem me vigiava. Seus olhos estavam sempre rondando a mim, mas foi no fundo do poço, que encontrei o melhor entendimento sobre a vida, e finalmente entendi que Jesus voltou.

Encontrei Jesus nas minhas orações, nas lagrimas sinceras de minha dor; encontrei no abraço honesto dos que nem me conheciam, nas bocas que pediram por mim. Nos afagos de minha mãe, na companhia de minha filha, em todos os dias em que tive força pra trabalhar e dá o melhor de mim. Nas pessoas que aconselhei, nas amizades que presenciei; nos sorrisos que tive que sorri, no perdão que pedi, na entrega em me doar.

  Mas vejo Jesus constantemente andando pelas ruas, enquanto procura um lugar pra brilhar como sol. Na vida daqueles que não conhecem o amor, dos que usam da violência como paixão, dos que esperam sem esperança por uma oportunidade de prejudicar alguém. Eu vejo Jesus no preconceituoso, nos que julgam sem pensar em si, nos que atacam sem compaixão qualquer um feito a sua imagem e semelhança. E é pra essas pessoas que não o encontram que ele ainda vai voltar. Pra quem acredita ser mais importante condenar a sexualidade de alguém do que simplesmente aceitar. Respeitar.

 Pra aqueles que encontram motivos de tirar de quem quase não tem seu último tostão. Pra aqueles que se beneficiam da boa vontade de outros só pra se satisfazer. Pra quem abusa do corpo de crianças, pra quem não respeita as mulheres; pra quem destrói tudo de bom que Deus fez pra nós.

É pra essas pessoas que dizem aceitar Jesus que ele precisa voltar. Pois não é de aceitação que a fé vive. Pois sua jornada em busca de nós é eterna, não ele que tem que nos encontrar, somos nós que o perdemos todas as vezes que não entendemos o que é amar.



Izangela Feitosa




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