SABER ESCOLHER


SABER ESCOLHER

 

É tão interessante quando me questiono dentro de um relacionamento sobre os motivos que deveria aceitar, ou não. É como um duelo consciente, que faz rever entre a razão e a emoção, colocando em xeque as perspectivas que crio, sob a realidade daquilo que é palpável, real. Como é fácil se perder em ilusões, pensamentos cocriadores de dores, totalmente evitáveis. Ah … como gostaria de ter aprendido mais cedo a raciocinar assim sobre sentimentos, tão absoluto. Cru.

Comecei a pensar a respeito e me pergunto agora, vez por outra, o que realmente me faz feliz? Poderia ser simples, mas a verdade, é que no fundo, acho que não sei. Isso pode ser levado mesmo em consideração, especialmente porque acredito no poder das nossas palavras, e energia designada a tal propósito. Se não sei, como posso saber pedir, buscar, alcançar?

Estou em busca e não encontro. É bem difícil, encontrar o que não se tem procurado. O que realmente desejo? É importante saber escolher.

Nossa mente é esse campo repleto de possibilidade capaz de realizar tudo que quisermos. Acredite!! O que me faz querer ou não alguém? Você já se fez essa pergunta? Por que é tão interessante quem te rejeita? Por que não é agradável simplesmente retribuir afeto? Por que complicamos tanto as relações com armadilhas mentais tão infundadas? Baseadas em dores que não existem realmente?

É estranho, é complexo, mas é a mais pura verdade. Como é que me vejo dentro das relações que supostamente crio?

Sim, crio! A maioria delas não é real. É a vontade de querer viver romance, carência do corpo. Afinal quem não gosta de um chamego, se sentir importante, amado por alguém?

Não saber o que quero, me fez aceitar qualquer coisa.... E já sei que isso não me satisfaz.

Essa busca desconexa de achar tudo suficiente, não me cabe mais. Como num ímpeto de revolta, grito internamente: QUERO MAIS!

Por que devo querer alguém que não me conquista em verdades? Porque minha ansiedade reclama por um tanto de amor, que sei que não me dou? Qual a chance dessa pessoa, provavelmente assim como eu, não sabedora também do que deseja, conseguir suprir minhas carências? Não é qualquer beijo. Qualquer jeito, qualquer gesto, qualquer sorte. Preciso de mais de mim primeiro.

Sim. Me ofereço pouco. Tenho me oferecido quase nada ao longo da vida. Me deparar com essa constatação, é imensamente avassalador. Tirei a culpa de todas as pessoas e situações e agora encarro o que fiz a mim, de um jeito bem ordinário, cruel. Não posso fugir da responsabilidade, que me fez até agora, idealizar amores rasos, mergulhar de cabeça nessa ideia supervalorizada do amor correspondido romântico, a minha maneira. Não é bem assim!  Podemos até não escolher quem amar (embora também já desconsidere isso), mas escolhemos como devemos amar. Há razões e são elas que nos dizem por onde vamos trilhar.

Por que devo não te amar? Essa é a pergunta chave.

Sei que agora falo munida de sentimentos puramente racionais, que ao embriago da paixão, é bem difícil conseguir tal clareza. Meu coração está em estágio probatório para o alto escalão do domínio próprio, e não quero me perder dessa mágica da sobriedade emocional. É uma estratégia interessante para poder recuperar o que perdi de mim ao longo do tempo. Tem funcionado bem... Até agora!

Não é frieza. Não confunda. É racionalidade emocional, ou a tal maturidade, um pouco, ou melhor, um tanto de trabalho mental, que a terapia me deu. Nada fácil, mas possível. Aprendendo assim até a amar na medida certa.

Continuo amando. Acredito que nasci para amar. Mais, me amando é verdade, e isso também é bom. Muito bom, eu diria! Maravilhoso!

A verdade, é que encontrei as razões, os porquês de não amar qualquer um, sem antes me interessar pelo que há de maior nisso tudo. Meu amor agora encontra campo saudável em olhares e bocas que profetizam palavras reais, duras as vezes, mas muito retas, corretas e assertivas. Não planeja futuro, nem contos de fada, está situada num agora, que vive o instante. Que despe os desejos e não exige a completa correspondência daquilo que só eu, posso me dar. Está no momento certo da caminhada da vida.

Por que não devo te querer? Pelo simples fato de ter. Porque não é sobre possuir. Me basto! É sobre dividir experiências, construir pensamentos, e fluir em amor, troca, dos envolvidos, amantes, amados um do outro e de nós mesmos. Se sinto que não me queres...porque devo te querer, mesmo que por um instante? Se tua breve vontade de desejo não me deseja? Se não encontra em mim encantos? Se pela vida em amor o invisível é aquilo que não quer ver... Siga!!

Não vou te querer também. Confuso o sabor do amor a todo custo, não transborda. Quero o melhor, e sei que terei, inteiro, visível e verdadeiro, assim como sou, em todo instante.

 

Izângela Feitosa




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