O Dedo Podre

O Dedo Podre

 

Tenho certeza de que você já ouviu falar nesse termo, e que muitas vezes já se questionou sobre essa perspectiva. O tal dedo podre é aquilo que chamamos de não ter sorte nas relações amorosas, quando alguém insiste sempre num mesmo perfil, e parece se sentir atraído por ações que conscientemente não aceitaria. É comum essas relações trazerem um dano emocional profundo, levando muitas vezes aos envolvidos, a uma situação de dependência emocional. Mas o dedo podre, nada mais é que uma mentalidade estruturada, dentro das nossas logicas sociais, onde a felicidade é condicionada em pares, como se fosse impossível ser feliz sozinho, sozinha.

Esses dias conversando com uma jovem mulher a respeito de suas relações amorosas, ele lançou o tal dedo podre. Disse que não tinha sorte, que já era o terceiro relacionamento que se envolvia e que sempre passava pela mesma situação, violência e falta de respeito, eram comuns, e reafirmou, como era difícil encontrar alguém interessante, companheiro, alguém que definitivamente fosse diferente de tudo que ela já havia experimentado.

Foi então que eu contei uma historinha...

Pense que você está há muitos dias com fome, comer é uma necessidade do corpo que acaba nos colocando numa limitação de pensamentos; quem passa muitos dias sem comer, não consegue pensar em mais nada além de saciar sua necessidade. Ela procura a todo custo “matar” esse desejo, que há essa altura, não é mais apenas um desejo, mas já se caracterizou como algo fundamental. A mente não assimila, outra coisa.

De repente essa pessoa encontra alguém que diz ali perto há sobras de comida, mas que se revirar bem pode servir de alimento, mesmo que traga ao organismo algum dano, ainda é melhor do que ficar com fome. Ao mesmo tempo outra pessoa lhe diz, que está terminando de preparar um prato rico de tudo que há de melhor, uma comida preparada e temperada ao ponto do que é preciso, porém esse preparo anseia por mais alguns momentos, talvez horas... O que você acha que essa pessoa com fome fará? Ela vai aguardar o prato ser preparado, ou comerá as sobras?

Ela então pensou por alguns instantes, e em silencio ficou refletindo.

Preste atenção. Não existe dedo pôdre!

É você quem escolhe. Somos nós que escolhemos matar a fome com as sobras ou com o melhor. No momento da fome, pode parecer simples, quem tem fome tem pressa; não pensa em qualidade, sua urgência é resolver a necessidade. Depois de comer as sobras, a comida pronta nem parece mais tão interessante, por mais qualidades que se possa ter, a fome já foi matada, e nada poderá mudar a sensação de saciedade que se torna prazer do momento. Com as relações é similar.

Os homens sempre deixam claro quem são, eles não se importam em esconder suas faces, por amis que finjam ser o que não são, eles não conseguem levar esse personagem por muito tempo, somos nós que romantizamos alguém que não existe.

Leia bem essa situação essa outra história.

Conheci um cara, aparentemente interessante, inteligente, já havia passado dos 40 anos, e posava de boa pessoa socialmente. Pai de 3 filhos, cada um de um relacionamento diferente. Com todos 3 não tem quase nenhum contato. E pior, ele não faz a menor questão de esconder tal situação. Fala normalmente que é empresário, que havia colocado a empresa no nome da mãe e que assinava a própria carteira com salário-mínimo de 1.212,00, que entrou com advogado e paga 15% de pensão alimentícia para cada um que dá em média 180,00.

Fala esse tipo de coisa como se fosse a coisa mais linda do mundo. Se gaba de ser livre para fazer o que quiser da vida. Não perde oportunidade de detonar as suas ex, e alega que todas, queriam se dar bem em cima dele, mas que fracassaram em seus planos. Disse que todo ano viaja para o exterior e que troca de carro a cada dois anos. Só usa roupa de grife, frequenta os lugares mais badalados e afirma categoricamente que se garante no sexo, é capaz de deixar qualquer mulher louquinha.

Perguntou logo se eu me prevenia, se tomava anticoncepcional, pois o garanhão detesta usar preservativo. Que comigo estava pensando em se firmar. Pensando num relacionamento sério!

Sinceramente…Quem não ama os próprios filhos vai amar uma mulher? Você realmente acredita nisso? Um cara como esse não ama nada além do dinheiro!

Uma mulher que entra numa roubada dessas, pode esperar pelo prato preparado? Que fome é essa?

Essa fome é a carência emocional. Que nos direciona as migalhas, aceitando as sobras, porque no conceito social do dedo podre, é melhor estar mal acompanhado do que só.

Só a noite que ele saiu comigo ele gastou mais que a pensão dos três filhos! Nunca mais saí com ele depois disso! Não vale a pena! Não é o que quero, muito menos o que mereço.

As vezes a verdade está ali gritando na nossa cara, mas a gente prefere desconsiderar. A gente sempre sabe, mas finge, inventa pessoas que não existem, cria um personagem e depois sofre as consequências.

O dedo pobre é tão somente a nossa ilusão, a falta de amor-próprio, a necessidade estrutural que nos condiciona felicidade a ter um homem ao lado. Não caia nessa!

Melhor só do que mal acompanhado! Ser sozinha também é uma escolha que traz felicidade, acredite. No fim é só você com você mesma. Goste tanto de você, mas tanto… que sua companhia seja prioridade absoluta, e aí você vai ver que alguém vai chegar e te fazer ver que a felicidade é construída com amor-próprio e colaboração saudável.

Espere pela refeição feita aos poucos, se tempere também durante esse tempo, trabalhe a mente para esperar mesmo com fome. As vezes a fome é mais vontade de comer do que mesmo necessidade, a pressa em comer nos sacia com qualquer coisa. O dedo podre pode ser tratado, começando com as escolhas mentais daquilo que você não quer, mas do que você merece.

 

Izângela Feitosa






Comentários

  1. Saber se colocar como prioridade não é egoísmo. É essencial. É valorizar-se. Como filha, filho de Deus que criou tudo para que não nos falte nada, é coerente pensar que carência afetiva é falta de visão emocional. A felicidade não depende de um homem ou mulher depende da gente mesma, mesmo. Depende da mente, do pensamento e da forma de agir como um ser completo. A felicidade vem do interior e não adianta buscar no outro.

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