Senescência
Senescência
Não tenho medo de envelhecer.
Nem tão pouco de perder a beleza, a forma desse corpo de
carne.
Tenho medo de me perder por entre os anos,
Daquilo que quando criança era o correto, o fundamental.
Tenho medo de que minha alma envelheça de orgulho,
De frieza, de maldade, de falta de humildade.
Tenho medo de deixar que o tempo leve de mim o que tenho de
melhor.
Deixando a velhice virar ferrugem
A ponto de não poder mais me moldar ao novo.
Tenho medo de me tornar aquilo que me entristece.
Que me dá arrepio.
Prefiro pensar que os anos são a contribuição de
aprendizado necessário.
Para melhorar todo esse projeto grosseiro
Que não é o que Deus fez de mim.
E que com o tempo vai se lapidando em luz, brilho e cor.
Deixando a maturidade e não a velhice se fazer vivente.
Achando o espaço necessário para construir formas de ser
feliz com o pouco.
Exigindo menos dos outros e mais de mim.
Izângela Feitosa
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