Amar uma mulher livre não é fácil.

 Amar uma mulher livre não é fácil.

 

Amar uma mulher livre não é fácil. Ela é como um esquete de teatro cheia de improvisos, onde a cada ato, ressalta a surpresa. Ela diz o que pensa e não fica cheio de dedos com medo de ser mal interpretada, ela conversa com sua intimidade porque conhece muito bem a importância disso.

Uma mulher livre não se deixa avaliar-se por qualquer conceito, ela tem sua própria medida. Ligou o foda-se para os preconceitos que a prendia em parâmetros estruturais repressores. Sabe ser sexy e linda. Abusa do seu poder de sedução, se assim o quiser. E não se limita as críticas de quem sonha em ser ela.

Uma mulher livre, anda descalço de camiseta e shortinho com a mesma elegância de um vestido GUCCI. Ela entendeu onde reside sua natureza bela. Nos gestos, na força, nas curvas de seu corpo, na mente...e que mente maravilhosa. Domina assuntos diversos, consegue dialogar sobre política e receitas de doce com a mesma singularidade, de quem tem conhecimento sobre o que faz e vive.

Amar uma mulher livre não é fácil, exatamente por sua liberdade. Ela se condicionou a fazer avaliações sobre o que a faz feliz, é nessa certeza que ela se enquadra, no quanto de si precisa ser preso para se adequar a padrões.

Outro dia perguntei a um amigo: Você seria capaz de amar uma mulher livre?

Ele meio que pensou por alguns instantes, como quem avalia os prós e contra, e chegou à conclusão de que sua masculinidade talvez tivesse sido colocada a prova naquele instante. Mais alguns segundos em silencio e então respondeu: Sim, eu seria capaz!

Sabe quando você tem certeza da dúvida de uma resposta? Pois foi assim que ela chegou até mim. Talvez ele estivesse dizendo aquilo para me convencer que ainda é possível encontrar alguém. Mas no fundo ele já fez sua escolha, e a mulher com quem ele vive não é livre.

A liberdade de uma mulher sempre foi questionada, mal compreendida, imposta de limites. O estranho é que a maioria das pessoas reforça a ideia da mulher guerreira que luta para sobreviver como se isso a exaltasse, mas não. Se sobrecarregar de responsabilidades, perdendo sua liberdade é exatamente o que eles querem que acreditemos ser o normal. Não deslegitimo as mulheres que correm com lobos, mas que opção elas teriam além de lutar?

A liberdade de uma mulher incomoda, é por isso que é difícil amar uma mulher assim. Somos convencidos a exercer controles sobre tudo, ainda mais sob uma mulher.

Mas vamos pensar, e aqueles que se aventuram em amar as mulheres livres, não são felizes? É exatamente esse o ponto. São muito mais...

Eles não precisam estar o tempo todo reforçando a ideia de sua masculinidade, se ela o escolheu é porque de alguma forma encontrou motivos para ficar e permanecer todos os dias. Ela joga com leveza, amplia espaços, cria estratégias para serem juntos felizes. Não deixa de ser apoio e companhia, mas preserva a sua individualidade com a mesma primazia com que permite ao outro. Não tem tempo ruim... e até tem, mas sabe limpar o céu e trazer de volta a luz que precisa.

Todo mundo deveria experimentar uma vez na vida uma relação assim, sem toxicidade, sem apego, sem opressão ou domínio, mas com lealdade e confiança. Os laços que prendem são firmes e mentais, não se trata de fagulhas, é fogo constante.

Amar uma mulher livre não é fácil, mas é possível. Porque o cara tem que ser muito foda para entender isso.  

Quando os homens se derem conta da maravilhosa oportunidade, talvez já seja tarde. Uma mulher livre não espera tanto tempo, ela se basta ao ponto de não insistir em ficar onde não cabe a sua liberdade de ser. A desconfiança na liberdade dela, é apenas um atestado de insegurança de quem sabe bem o seu valor, e quando isso acontece não somos nós quem perdemos o outro, mas a nós mesmos.

 

 

Izângela Feitosa