LASCÍVIA
LASCÍVIA
Os
homens adoram uma mulher livre, desde que não seja a deles!
Acham
massa a forma como elas são desprendidas de padrões, como exercem suas
vontades, falam o que pensam, expõe sua sexualidade, como são bem resolvidas.
Adoram o fato dessa não dependência e são fortemente atraídos por esse instinto
selvagem de não pertencer a ninguém que não seja a ela mesma.
É
o que eu percebo navegando em bate papos e até mesmo nas rodas de conversas reais.
Porém, se for para escolher uma mulher para ser sua companheira... Ah essas
qualidades automaticamente se tornam defeitos horríveis. Começam a questionar
as falas, os gestos, as ações, e morrem de medo de se sentirem confrontadas,
acuados. A verdade é que a maioria dos homens não segura o rojão de viver em
companhia relacional de uma mulher bem resolvida. Ao primeiro sinal de não
submissão a coisa já começa a feder, e o que ele espera de uma mulher
normalmente, é que ela se entregue a falta de amor-próprio e se subjugue a ele,
com cenas exageradas de ciúmes, perseguições e comandos de autoridade, para que
ele finalmente se sinta no pedestal, tendo assim o controle de tudo. Porque no
fundo ele sabe que quando uma mulher reage assim é porque ela está inteiramente
entregue a ele, e aí...nós sabemos como o negócio desanda.
Mas
esse normalmente não é o comportamento de uma mulher bem resolvida, livre, dona
de si. Não que algumas não possam se sentir assim de vez em quando, porque
sabemos o quanto é impregnado essa construção social, que nos faz reproduzir o
machismo, sem sequer percebermos. Mas o que quero dizer, é que quando uma
mulher entende o seu valor, tudo muda, inclusive a forma como os homens nos
enxerga. Ao primeiro sinal dessa quebra de contrato relacional, onde os dois
partilham de um compromisso sustentável, ela avalia a situação e escolhe a si
mesma, não vai no jogo de cenas da diminuição, e embora sejamos o tempo todo
condicionada a esse tipo de comportamento autodestrutivo, uma mulher bem
resolvida sabe colocar sua emoção num estágio de consciência e pensar melhor no
quanto aquele relacionamento está lhe fazendo mal. É por isso que hoje vemos
tantas mulheres livres sozinhas.
E
se formos pensar na sexualidade dessa mulher, que agora entende e se conhece,
ela não mais espera por uma oportunidade, ela faz acontecer. E isso também é
questionado. Foi-se o tempo em que uma mulher morria de vontade e não se
realizava sexualmente. Existem no mundo uma revolução sexual acontecendo,
promovida por mulheres de vários cantos do mundo, e em todos os lugares, há um
conceito comum: Elas não aceitam mais serem subjugadas, oprimidas de seus
desejos. Chegou a hora de tomarmos a frente e dominarmos o que queremos
prazerosamente, e isso para o mundo masculino é uma afronta, inadmissível.
Outro
dia fui questionada sobre meus desejos, de como me relaciono naturalmente com o
que gosto e quero. Do quanto também como mulher, me importo com esses impulsos
sexuais, e de como sem problema algum procuro exercê-lo. Fui chamada de Lascívia.
Lascívia
significa luxúria desenfreada, sensualidade exagerada, devassidão. A lascívia é
uma palavra que transmite o conceito de conduta reprovável e vergonhosa, no
sentido de ser uma afronta ao pudor sem qualquer decência.
Mas
vejam bem, não é o que os homens têm praticado durante toda a sua existência
não? Ou estou enganada? Até onde eu sei, eles nunca foram questionados dessa
lascividade, tida inclusive sexualmente falando como um instinto natural
masculino. Então por que tanto alvoroço?
Vocês
já devem saber por que né? Porque sou mulher!
O
mundo masculino não aceita a ideia de liberdade sexual da mulher por medo de
perder o poder desse comando. E antes que você pense ou me diga que não pega
bem uma mulher agir assim, eu já lhe digo que você também foi contaminada por
essa estrutura rígida que só rege o que os homens ditam. E vou polemizar mais
uma vez: Mulher gosta sim de sexo, mas sexo bem-feito! Não essa concepção
idealizada sob a má educação pornográfica. O maior estímulo sexual para uma
mulher chama-se: ATENÇÃO! Sem isso é impossível as coisas acontecerem com tanta
qualidade.
Quanto
ao fato de ser chamada de lascívia, prefiro entender como um elogio, até porque
eu não preciso provar nada para ninguém mesmo. Estou superconfortável dentro da
mulher que estou me tornando. Os meus desejos hoje, fazem parte de quem sou, e
não tenho a menor intensão de escondê-los mais, como fiz por tanto tempo. Quero
mesmo é extravasar, fazer acontecer, sem medo de ser quem sou. Como eu sempre
digo: Não sou obrigada a nada, que não seja devidamente legal. Então está tudo
certo. Digamos que sei conviver com minha lascividade de um jeito bem
interessante. Isso se reflete em quem sou por inteiro, e quem não gostar, me
perdoe, como diz minha tia : Eu não sou dinheiro pra agradar a todo mundo!
Izangela Feitosa
Arrasou 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻
ResponderExcluirRegistrar um comentário na primeira leitura, seria uma irresponsabilidade da minha parte, porém, comentarei, após várias leituras do brilhante texto.
ResponderExcluirLeia mais...você vai se surpreender muito.
ExcluirTexto espetacular, atual e muito propício a realidade de hoje!
ResponderExcluirVocê irá longe com todo esse potencial.
Aproveite todos seus dons há tempos guardados.
Escreva!
Escreva!
Escreva!
Eu sempre gosto de acompanhar os seus relatos, tem muito haver com .inha vida particular. Parabéns pelo seu texto.
ResponderExcluirMto real
ResponderExcluir