DO FIM AO RECOMEÇO

DO FIM AO RECOMEÇO

 

Sabe o que machuca no fim de um relacionamento?

É a sensação de frustração. Uma incapacidade de se sentir amada como de verdade a gente sabe que merece.

É que você deu tudo que podia, ou pelo menos pensou que havia dado, para dá certo. Tratou de forma honesta os seus sentimentos, acreditou que o outro estava fazendo o mesmo, e de repente parece que não foi nada.

Passou por cima das dúvidas que teu coração alertou; repreendeu teu sexto sentido, apostou que era só uma fase, procurou desculpas, deixou passar os sinais ...

Como a gente fantasia!? A gente quer tanto ser amada humanamente, que acaba por colocar nosso amor-próprio como garantia, e perde! Aposta nas projeções que fazemos por conta, e sem saber se o outro tem mesmo tudo aquilo a oferecer. Expectativas criadas, baseadas em paixões, bem longe do que é real.

Nesse jogo de amor ganha quem se entente mais, e como é difícil se entender.

Aí um dia você percebe que não acabou assim do nada. Percebe que não tem mais quase nada em comum com aquele, que aparentemente, era sua cara metade. Os processos evolutivos individuais os distanciaram, e acabaram por transformar em estranhos conhecidos, dividindo um mesmo lar, a mesma cama, mas não a mesma história, os mesmos sonhos, o mesmo tempo de felicidade.

Não podia dar mais certo!

O tempo é bom conselheiro das evoluções, mas a decisão final sempre será nossa. O ponto de partida é sempre o ponto crucial. Como anda a minha felicidade? Ou por onde anda?

As vezes ficamos à espera de respostas que já estão conosco o tempo todo. Esperamos por uma falha, um outro deslize, um ato irreparável, quando na verdade estamos dando o tempo todo, a oportunidade dessa execução inconscientemente. Temos medo, enquanto esperamos pelo pior, na certeza de que é só questão de tempo.  Afastando o nosso amor e nos maltratando o tempo todo.

O fim morre antes do fim. Agonizado em retalhos de quase amor, nas pequenas coisas que já não existem mais. Não sentimos mais a saudade, a vontade de está presente. Chega a ser aliviante ficar longe. Os assuntos percorrem sempre o mesmo roteiro da catástrofe oral, quando não há entendimento de ideias e tudo irrita mais do que satisfaz. Ai o soluço, vira silencio; silencio de mistério, que sufoca, e nos faz evitar falar para não reaver o atrito, do desencontro das ideias boas. Porque não há mais a leveza das ideias boas. Estamos conscientes do fim, sem a coragem de assumir.

O que eu estou fazendo aqui? Por que não vou embora? O que me prende ainda aqui? Por que não enfrento e aceito o fim?

Ninguém quer perder. Nos esforçamos o máximo para fugir da culpa. Quem foi que terminou? Qual foi o motivo?

É preciso mesmo ter motivo maior, do que não está feliz? O quanto custa tua felicidade?

Ah, mas eu já tentei mais tantas vezes, vou fracassar novamente!

Será que é preciso elevar essa dor a pontos insustentáveis e ainda assim não ter coragem de pôr um fim?

O que vão dizer de mim? Mas eram tão felizes... Ninguém jamais imaginaria!

Será que existe outro ou outra pessoa envolvida. Será o que houve?

O julgamento sempre existirá, mas nenhuma pessoa que não sabe amar vai saber ser amado, e a cada um, há seu tempo de aprender. Ou não!

O fim já estava escrito... não por falta de amor, mas porque o amor mudou de lugar; deixou de habitar o lugar do sustentável para virar cobranças e acusações, obrigações e desgaste. Esqueceu a beleza das descobertas e agora exige um modelo predeterminado de fórmulas sociais falidas, que só promovem a superficialidade e a conveniência. Deixou de habitar no outro e veio morar apenas em mim, e talvez seja esse o relacionamento de que eu preciso agora.

O fim pode ser o recomeço de um amor para vida inteira, que não se frustra com expectativas alheias. O único amor capaz de ser absolutamente correspondido é o amor-próprio, experimentar esse amor agora, pode ser tudo que você precisa.

 

Izangela Feitosa





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