APEGO
APEGO
Quantas vezes
questionamos o amor? Esse sentimento tão especial, imenso, misterioso e ao
mesmo tempo simples.
O amor é dotado de
particularidades que muitos não foram ensinados a entender. No conceito de vida
confuso dos apegos, pouco sabemos realmente sobre o amor. Arrisco dizer que
essa é uma das buscas mais incansáveis da humanidade. Se procura fora, o que perdemos
dentro de nós e onde jamais acharemos, se não o encontrarmos por nós mesmos.
Passamos a vida numa
confusão constante, acreditando que para ser amor tem que ter adrenalina. Que
aquela fissura avassaladora que te tira do juízo perfeito, onde nos colocamos
dependentes do outro é a mais genuína forma de amar. Aprendemos que crise de ciúme
é prova de amor, que controle é a mesma coisa de cuidado, quer viver entre
tapas e beijos é até excitante; acreditamos que é legal uma briguinha de vez em
quando, que até tempera relação; que xingamentos e uns tapinhas nas horas
certas, são até bons para fazer as pazes na cama.
Romantizamos a
violência com pequenas doses de autodesprezo, nos colocando aos poucos sob o
domínio total do outro, tudo nessa busca por ser amado. O que ansiamos é o
reconhecimento amoroso, dosado de romance que se açucarado demais, azeda.
Acho que não entendemos
o amor, dentro dessa concepção dos relacionamentos de posse. Como diz o poeta:
“Se não te dá sossego, não é amor é apego”.
Ciúmes é a forma mais
perversa de confusão afetiva. Não é amor! Não tem nada de bonito em prender
alguém. Acusá-la de algo que só existe na cabeça louca de quem não está inseguro
o suficiente de si. Inseguro a ponto de ter que privar alguém da família, dos
amigos, brigar com a pessoa por causa de um olhar, cumprimentar alguém,
abraçar, ser gentil. Magoar o outro com apontamentos sobre o corpo, imagem, ou
até mesmo sua qualidade mental.
Ciúmes não é amor!
Porque nenhum amor machuca. E machuca quem sente e quem é vítima
dele.
Atitudes descontroladas
revelam uma forma adoecida de apego, que seguem em ciclos perigosos, até a
violência.
Uma flor depois da
agressão, um carinho depois do controle, um jantar depois da manipulação,
presentes ao invés de desculpa. E assim vamos nos tornando um lixo, um nada sem
valor nenhum, nas mãos daqueles que juram amor eterno a todo momento.
O apegado ainda usa da
violência para te convencer que ele é tão suficientemente bom, que será
impossível substitui-lo, que jamais você será feliz com outro alguém, que não
seja ele.
Quem usa da violência
para te convencer de que tudo aquilo é o melhor para você? Que é para cuidar
melhor de você, que é proteção?
Todo relacionamento
precisa de romantismo, mesmo que em doses fragmentadas. Qual é a graça de estar
com alguém, que não faz a menor questão de mostrar para todo mundo que é
apaixonado por você?
Alguns demonstram em
palavras, outros demonstram em atitudes, mas jamais se demonstra amor com
violência.
Quer saber mesmo se
alguém te faz bem, preste atenção nesses detalhes. Os apegos são gaiolas
mentais que aos poucos fechamos, e mesmo com a porta aberta, temos medo de
voar.
Quem te ama de verdade,
te faz sentir-se feliz, em paz. Preste atenção se essa relação te faz mesmo
bem? Se a tua gaiola, não é um lugar seguro aparentemente de medos?
Quando estão juntos,
você se sente livre para ser quem você é? Mesmo sem que ele esteja perto? Não
fica apreensivo, desconfortável em expor seus pensamentos e suas vontades; com
medo de ser julgado por qualquer atitude sua?
Essa pessoa te
incentiva a alcançar os teus sonhos? Fica feliz com tuas conquistas? Participa
do teu crescimento? É seu amigo? É seu parceiro para toda e qualquer coisa?
Não se incomoda por
você ampliar sua rede de amigos e até faz amizades com eles? Te insere no meio
das amizades e da família dele?
Não desmerece seus
sentimentos quando você expõe? Para, e te escuta, analisa as possibilidades?
Sabe acolher quando você necessita?
Antes de nos
relacionarmos com o outro, é preciso ter um relacionamento também honesto
consigo. Capaz de fazer avaliações de natureza racionais. O apego é um modelo
vendido através do tempo, que configura poder, posse, e que foi naturalizado
culturalmente, mas que hoje não tem mais espaço para nos machucar.
É preciso virar a chave
e encarrar os fatos. Amor de verdade é aquilo que não dói. Desapega!
Izangela Feitosa
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