O Paradoxo de Dona Flor e seus dois maridos

O paradoxo de Dona Flor e seus dois maridos 


Uma mulher só pode ser realizada completamente quando finalmente se conhece, dentro da sua feminilidade.

Essa frase é minha!! Eu realmente acredito com todas as minhas forças nesse dito, e posso provar.

Dentro dessa lógica está o paradoxo de Dona Flor e seus dois maridos, que coloca de um lado a segurança de um casamento moral, onde às necessidades físicas( casa, comida e roupa lavada, mesmo que seja feita pela própria mulher), são inteiramente cumpridas e a liberdade de viver essencialmente seus desejos de mulher carnal.

Fazendo um comparativo com uma roupagem mais atual, a série picante da Netflix trás basicamente esse mesmo olhar. Sexylife redesenha esse paradoxo, com uma ressalva; os dois AMORES de Billie estão vivos, e ela revive mentalmente situações de conflito moral quando compara as vivências com cada um deles. Poderíamos dizer por outro ponto, que ela pesa o amor e a paixão?! Talvez! Mas temos que levar em consideração que as histórias possuem contextos tempo bem diferentes, e que a história contada por Jorge Amado é passada nos anos 40, e lógico que nenhuma mulher”honesta”, naquela época, poderia exercer seu prazer plenamente. Até hoje existe essa separação entre mulheres “direitas” e “erradas”. As santas e as putas; as que são boas ora casar e as que só servem para comer.

O curioso nesse paradoxo é que Dona Flor em seu primeiro casamento com Vadinho, havia conquistado a permissão de ser interinamente essa mulher livre, que goza a vida, que sente e corresponde aos seus mais genuínos desejos. Vadinho em sua não condição católica, acreditava na ideia de viver tudo que pudesse com sua esposa. Claro que ele não era perfeito! Violento, abusivo, irresponsável, mas sabia como poucos tocar uma mulher, e tinha muita experiência nisso! Assim como Brad em Sexylife.

O que eu quero ressaltar nessa nossa conversa de hoje, é como nós mulheres passamos tanto tempo evitando sentir tudo isso. Nossa mente questiona ao assistir ou ler, de imediato as situações de moralidade contida nas duas histórias. Como se fosse realmente possível ser feliz com o mínimo!

Nós mulheres queremos é podemos mais. Temos esse direito. 

Nossa revolução sexual precisa nascer inicialmente dentro de nós, entendendo o que são necessidades e vontades. Desejo e responsabilidades podem sim estar juntos, servindo a nossa felicidade.

Que mal há numa mulher ser safada com seu companheiro? Designar seus sentimentos e vontades? Demostrar ser sexualmente plena.

Aliás ser sexualmente plena diz de como você lida com as suas paranoias também. Se desfazer dos conceitos de padrão de beleza, aceitar seu corpo, esquecer o que aprendemos com a pornografia. Permitir que o corpo esteja ligado intimamente a mente, quando se dispuser a relacionar-se. Colocar claramente as suas intenções e não fazer apenas para o agrado do outro.

Assuma o seu lugar de domínio! Pratique o que te deixa feliz, seja num amor de uma noite ou pra vida inteira. Seja pra hoje ou para todos os dias.

O homem inteligente já percebeu que ele pode e deve ser uma mistura de Vadinho e Teodoro ,de Brad e Cooper, e que fazer uma mulher feliz é bem mais simples do que todos os protocolos aprendidos pela pornografia enganosa de tempos atrás. A realidade agora exige novos homens, porque somos também novas mulheres e o paradoxo de Dona Flor e seus Dois Maridos não precisa mais nos separar de nós mesmas, podemos ser a santa e a puta e sermos felizes assim.


Izângela Feitosa














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