O começo é agora. VIVA ACOPIARA!
O começo é agora. VIVA
ACOPIARA!
São cem anos, no marco temporal
da história, ainda te vejo tão jovem, o que almejo para essa terra é muito
mais.
Meu coração se alegra em poder
contigo comemorar essa data, mesmo em condições peculiares. A cidade do
carnaval não pode comemorar o centenário como gostaria, a festa teve que ser
revista, modificada, a alegria que contigo sempre andou foi traduzida em leveza.
Há ainda esses dias um novo sabor a se provar. Acopiara nossa terra ainda nem
começou o seu caminhar.
É estranho, porque se fecho os
olhos consigo nitidamente descrever teus lugares e teus encantos. Memorias vividas
das minhas lembranças de criança. Momentos e pessoas que já não se encontram
mais. É saudade e esperança, respeito e muita vontade de vê-la ser ainda um
lugar melhor para se morar.
Eu nasci aqui, num Natal
especial. Mamãe conta que Irmã Lucia me escolheu para ser o menino Jesus nas
festividades celebradas ricamente por ela no Hospital. Trago comigo a marca de
ter vindo ao mundo pelo cuidar de Doutor João Uchoa; das salas e leitos de azulejos
azuis, das paredes do Hospital Julia Barreto, que me entorpecia ao cheiro de éter.
Da pracinha que ficava a frente do portão de ferro, onde contia uma singela
placa escrita: INAMPS. (Muitos de vocês nem sabem o que é).
Lembro muito bem de como a
gente ficava curiosa para saber o que tinha na sala de cirurgia. Ensaiávamos pulos,
tentando alcançar as janelas, como se pudéssemos enxergar alguma coisa. E da tamanha
alegria quando podíamos finalmente adentrar e visitar mamãe nos quartos de pós-operatório.
Sempre passávamos alguns tempos brincando com o aquário na antessala, onde
contia além dos peixes um estranho mergulhador a soltar bolhas. Encantador!
Um aquário também faz memoria
na AGÊNCIA, quando Acopiara ainda não possuía rodoviária era de lá que saiam os
ônibus que nos ligavam ao resto do mundo. Ela ficava ali, na Praça da Matriz, e
foi também lá, onde eu provei meu primeiro picolé Kbom.
Eu cresci solta, não tínhamos tanto
medo. Nossas brincadeiras eram mais físicas, e a criatividade própria nos fazia
viajar em tecnologia leves de desenhos e papeis, música e dança.
Lembro bem da livraria de Vovó
Anísia, (como chamávamos carinhosamente Dona Anísia de Celso Castro) e das
bonecas de papel, nas revistas em quadrinhos. Do armarinho de Sr. Zé Maroca, do
Bar de meu tio Zé Raimundo, e da lanchonete de Tia Necy.
Fui educada por Tia Graça, na
raiz do Instituto Coelhinho. Escola que me ensinou respeito, amor ao próximo, o
valor da amizade, e sobretudo arte. Incentivadora de boas práticas, Tia Graça por
si é um referencial de educação municipal, que até hoje faz acontecer.
Na adolescência troquei de escola,
mas continuei cheia de Graça. Foi no Alfredo Nunes de Melo, aos cuidados de Graça
Araújo, que ampliei o meu saber, e foi também lá que aprendi a ter uma outra
visão humana, que uma escola maior nos traz.
Acopiara de ladeiras, de histórias
e memorias. Suas distancias me parecem agora tão normal. Do teatro, cinema,
catequese, do Centro Social. Dos olhares criteriosos, do alto dos batentes da
casa paroquial. Dos sorrisos sinceros de Padre Crisares; sempre atento ao que
se passava.
Das missas das crianças aos
domingos. Das celebrações de primeira comunhão com café da manhã partilhado em
praça pública. Dos shows de humor, dos nossos artistas amadores. Das Colônias de
Férias e mega São João no CSU.
Dos Agitos Jovens, com mensagens
de quem pra quem, transmitida via Rádio Vale do Quincoe. Dos primeiros shows de
forró ao som de Limão com Mel. Dos bailes do Boião, que virou até matéria no fantástico.
Dos palcos de grandes artistas nos FETACs.
Acopiara terra de gente forte,
comprometida, inteligente. Dos meus primeiros amores. Dos encontros ao som do
violão, e Legião Urbana no primeiro Polo de Laser. Dos sanduiches no HOT STOP. Das
festas proibidas no Recanto Clube, ou Bastião. Do famoso Chapadão.
Acopiara de tradição agrícola,
do comercio e do algodão. Das histórias de futebol amador, contadas por Papai. Dos
bailes ao som de João Dino; dos carnavais dos Cutrucos, Tô-Que-Tô e das Virgens,
ao som da Banda do Ildefonso. Das convenções e festas tradicionais do Leo
Clube, Festa do Havaí e Baile do Branco, com Banda Azul. Dos concursos de miss.
Dos desfiles da loja do Lindomar. Das brigas políticas e oligarquias. Das dualidades
e de hipocrisias.
Acopiara hoje possui novos autores,
esse é um pouco do meu olhar vivido; uma singela homenagem a minha própria história.
Terra que já viu nascer e morrer, sonhos, legados e tantas tradições, pois como
diz o poeta: “O novo sempre vem!” Que venham mais e mais atores vivos dessa construção,
que possam assim como eu, contar a partir de muitos também as suas próprias histórias,
de um jeito novo, pois o começo é agora.
Parabéns, Acopiara, eu faço
parte dessa história.
Izangela Feitosa
Menina, fui e voltei no tempo,parece que a fita voltou,andei em todos esses lugares, até chorei, lembrei de cada pessoa desse texto, ai que saudade.
ResponderExcluir👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼
ResponderExcluirVoltei ao passado com a sua historia em homenagem a Acopiara, contada de uma forma ludica.Adorei e parabens pela sua criatividade...Vc é demais.
ResponderExcluirExcelente texto 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻
ResponderExcluirExcelente texto Parabéns 👏🏻👏🏻
ResponderExcluirParabéns! Como sempre arrasa...👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼
ResponderExcluirParabéns pela linda história. Saudades da nossa grande Acopiara.
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