Dias nublados
Dias nublados
Tenho
um problema sério com dias nublados. Dias em que o sol insiste em dar trégua, e
se esconde como se tivesse preguiça; onde a frieza da ausência do seu calor nos
afasta da claridade, onde o tempo parece desanimar.
Nesses
dias não domino minhas emoções. Sou tomada numa sensação de melancolia, de
arrepios próprios de quem conhece a tristeza de perto. Transportada a lugares
escuros dentro de mim, onde a solidão já fez morada e insiste em querer ficar.
Uma tempestade de sentimentos ruins.
Há uma
explicação cientifica, que diz que a baixa quantidade de luz
estimula a produção de melatonina (conhecida como hormônio do sono), que baixa
a energia, o metabolismo e o ânimo da pessoa. Essa alteração neurofisiológica
induz a comportamentos noturnos, como excesso de sono, típicos da depressão.
Mas
não é sobre sono, nem é preguiça, é algo muito maior.
Normalmente são dias isolados, onde eu
disfarço a dor, e resisto incansavelmente a me entregar as lágrimas. Porque ela
salta como nascentes de rios límpidos, e sem controle. A solidez da tristeza, o
silêncio ensurdecedor, que deseja gritar, para não demonstrar a todos a
profunda mácula que me invade. Detesto me sentir assim!
Porque
não sou assim. É só um lapso desconhecido que não aceito em mim.
Tenho
investigado em memórias, tempos, situações, para conseguir entender. Respostas
capazes de explicar, porque me sinto assim. Chego a sofrer sem saber o porquê.
É como se a minha alma fizesse um mergulho inconsciente num campo minado de
sentimentos estranhos. Que dói. Rasga a minha essência, confunde a minha
existência e me coloca em meio a medos e conflitos, entre vida e morte.
Mas eu
não quero morrer!
Sinto que
tenho muito de vida a aprender, e como alguém que insiste em reluzir, eu sinto
que preciso cada vez mais me investigar sobre esses processos.
Nesses
dias nada faz sentido, sou morada da depressão e das incertezas mais
conflitantes. Todas as perguntas necessitam urgente de respostas... Escondo as
cores que me dou normalmente, me tornando cinza como vejo o céu. Não consigo
lidar com naturalidade. Preciso de um tempo para ressignificar e reaprender a
colorir em mim.
Talvez
eu seja um pouco flor, que precise de luz do sol para minha fotossíntese, e me
transformar.
Espero
ansiosa que esses dias sessem. A noite ainda me parece ser mais atraente. Mesmo no escuro total, eu almejo a luz, e sei
que ela também me deseja. Ser luz é o que eu aprendi a ser, eu brilho em meus
sonhos, e me vejo sempre construindo lugares vivos dentro e fora de mim. Em vontades,
em histórias, em perspectivas reais, contadas mesmo em dias cinzas, porque eles
são finitos, e talvez precisem existir para serem sentidos assim, para que eu
reverencie o quanto é lindo ser solar.
Izângela
Feitosa
Comentários
Postar um comentário
Comente aqui. Sua opinião é muito importante.