O Deserto da Minha Alma

 

Deserto da minha alma.

Sempre converso com pessoas sobre suas vidas, gosto de ouvir seus anseios, inspirações, perceber suas dores e as vezes escuto atentamente cada história processada pela voz do próprio autor, de um jeito muito particular. Essas histórias possuem um sabor todo especial.

Talvez essa disposição pessoal, ou profissional, tenha me colocado diante de relatos bem interessantes. São pessoas de diferentes classes, gêneros, religiões, modo de viver e de enxergar a vida diferentes, mas todas com um único proposito maior... ser feliz.

Algumas vezes nossas conversas verberam por preocupações humanas de naturezas tão comuns. Corações partidos, ansiedade, problemas de saúde, saudade, difíceis relações pessoas, familiares; contextos de vidas reais. Sempre cada uma a sua verdade.

Eu também tenho as minhas!! Também tento me escutar...ouvir sons profundos de lugares escondidos, lugares esquecidos por razões obvias que a mente decidiu esconder. Porque é lá que moram as respostas, e por isso é tão difícil encontrá-las.

Estou tentando contar a vocês que nem só de pandemias sofre a nossa alma. Que é logico que tudo que estamos vivendo agora nos trouxe um capitulo estranho de lidar com nossos problemas, onde de repente tudo parece ter a mesma proporção pra todo mundo. O medo assumiu um lugar importante, e confundimos números com o que até ontem chamávamos de vidas. Isso nos machuca, confunde...nos destrói.

Dentro de toda essa tempestade, sem data pra passar, ainda temos que abraçar novos desafios e construir mentalmente uma ligação de resiliência imediata pra não pirar...para não deixar que o propósito maior que é viver, seja esquecido. Precisamos crer! Precisamos construir imediatamente um círculo energético de gratidão com o universo no meio do caos.

Acordada, altas horas da noite, me ponho a pensar na vida. Na minha vida, e de tantas outras pessoas que nesse momento provavelmente também perderam o sono pensando na vida. Preocupações são inevitáveis! Já diziam os mais velhos. Mas a forma como a gente se relaciona com as preocupações faz muita diferença.

Geralmente não perco o sono por nada. Se existe uma coisa de que me orgulho é que a paz sabe fazer morada nos meus sonhos. Isso é uma dadiva. Mas não pensem que eu não me preocupo, por que me preocupo sim. Comigo, com a minha família, com os meus amigos, com o momento político que vivemos, com a vida. Também tenho medos... muitos! Tantos que não ouso contar. Mas também conheço de perto a fé e a esperança.

Em alguns momentos da minha vida recente, tive que atravessar meus desertos. Aliás tenho! Estou nesse processo agora mesmo, enfrentando mais uma vez os monstros que eu mesma alimentei. Frequentemente me percebo em lugares frios e desconexos, dentro da minha intimidade, um lugar onde a solidão da alma se confunde com a tristeza física. Um ambiente estranho de sentimentos que nos confundem. Que nos torna tão frágil diante de tudo, que acreditamos mesmo não termos forças pra seguir. É como pisar numa balsa sobre a água esperando o momento exato de cair...instável, difícil, triste, sozinho. Lugares como esse, só se conhece na profundeza da sua essência, porque não é um lugar bom de se habitar, mas necessário para ultrapassar.

Nas noites que encontrei com todas essas dúvidas, no silencio absoluto das lagrimas que me regavam, eu ouvi a voz de Deus. Ele nunca me deixou caminhar sozinho, mesmo nos lugares mais inóspitos, mesmo quando tudo parecia ter fim. A certeza de sua companhia me auxilia, mas também me desola. O silencio dos sons que em amor escuto, não deixam claro as suas intenções, sinto que requer muito de mim.

Como um jogo de perde e ganha, ELE me ensina a perder para ganhar, e essa estratégia não é por mim sempre compreendida. Não temos o controle de nada.

Na minha caminhada de coragem Deus tem me apresentado á pessoas que vem e que vão. Essa é a dança da vida! Mas delas preciso aprender o que é melhor. Há sempre uma lição por trás dos encontros, sejam eles bons ou não.

O certo é que depois disso tudo, nos resta questionarmos: Ainda sou a mesma pessoa que há um ano? O que de novo e bom eu tenho aprendido todo esse tempo?

Das perdas já sabemos, o que nos importa agora é o que podemos ganhar. O meu desejo é de vida, e essa é única, nela é preciso saber amar.

 

 

Izangela Feitosa





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