Relacionamentos sustentáveis.
RELACIONAMENTOS
SAUDÁVEIS OU SUSTENTÁVEIS.
Você já parou para
analisar como estão suas relações afetivas?
Já pensou como seria se
relacionar com alguém como você?
Consegue identificar no
seu parceiro ou parceira pontos positivos que não sejam de cunho prático, mas
emocionais?
Vivemos tempos de
relações questionáveis, talvez pela primeira vez na vida paramos para fazer
essas análises. Já conseguimos distinguir muito bem o que são relações toxicas,
abusivas e violentas, mas será mesmo que sabemos o que é uma relação saudável,
ou sustentável?
Houve um tempo em que
as relações eram puramente baseadas em negócios, onde as mulheres eram a moeda
de troca que mantinham vivas os melhores acordos para os homens. O mundo
patriarcal se beneficia dessa prática até hoje, fazendo com que mulheres ocupem
o lugar da submissão em prol do crescimento financeiro da família, ordenando a
elas um espaço de organização social restrito a não inserção, não permitindo a
própria condução de suas vidas. Um roteiro escrito antes mesmo de nascer, já a
aguardava para o cumprimento do casamento, dos filhos, das atividades de
educação doméstica e moralidade. Com o passar do tempo as mulheres foram
conquistando direitos e autonomia, a passos curtos, socialmente falando,
conquistaram o direito de escolher seus parceiros, mas que essa fosse uma
escolha definitiva, baseada em amor (coisa que os homens não foram educados a
compreender).
Essas mulheres que
tiveram a oportunidade de escolher seus companheiros, também tiveram que
enfrentar outras adversidades, como por exemplo a traição permitida, ao
conceito de que o homem pode ter a mulher santificada em casa e manter seus
desejos com outras não tão puras fora dela. A mulher para casar se diferenciava
da mulher para se divertir, e as duas não cabiam numa mesma pessoa. Uma mulher
não poderia ter por exemplo características mistas dessas duas personalidades,
segregando assim a sexualidade das mulheres entre pecado e santidade, o sagrado
e o profano.
Outras lutas se
seguiram até que as mulheres conquistaram o direito a sua liberdade sexual e
reprodutiva, com a advindo dos anticoncepcionais, e o direito ao divórcio,
levando-as a uma maior liberdade e empoderamento, no quesito relacionamentos. A
essas, não havia mais a obrigação de viverem relações tóxicas, abusivas ou
violentas, (teoricamente, claro!), mesmo tendo que enfrentar os olhares tortos
da sociedade machista.
A luta as rendeu outros
problemas, o preconceito de não ser aceita em sua solidão por escolha, ainda as
obrigava a buscar incessantemente por um novo amor, ou apenas um provedor,
protetor, um substituto para o preencher o vazio, que segundo o patriarcado,
todo mulher possui.
Acontece que cumprindo
com essa lógica substitutiva e não avaliativa de nossas próprias necessidades,
percebemos que mudar de parceiro era apenas trocar o nome dos problemas, mas
que eles continuavam dentro de uma repetição de padrões, exercidos
incansavelmente dia a dia por todos nós.
Mulheres, então
começaram corajosamente, a não mais buscar por substitutos, mas se apropriarem
de motivos, que não as obrigassem a essa dependência, e começaram uma autoanálise,
dessa vez mais profunda, encontrando agora na solitude uma nova maneira de se
fazerem felizes.
O casamento, as
relações de vínculos e obrigações, perderam o lugar do pedestal e encontraram
agora a leveza de poder pela primeira vez, experimentar a feminilidade e a
sexualidade como bem desejasse. Mas como nem tudo é perfeito, e somos seres
sociáveis, ainda não conseguimos lidar com os sentimentos de um jeito puramente
racional, precisamos de afeto, afago, amor...e isso mesmo nos oferecendo em
nível altíssimos, sentimos falta do outro. A solução seria agora concertar.
Repensar as relações,
conscientes de que não é culpa apenas do outro o que está errado, assumindo
nossas próprias culpas, exercendo o cuidado de através do diálogo procurar
soluções para se manterem juntos. Insistindo de maneira corretiva, não
agressiva, ou impositiva, nos oferecendo uma oportunidade de felicidade dessa
vez mais madura, responsável e possível.
Agora, encaramos uma
nova ordem feminina de relações que busca a sustentabilidade emocional. Quando
conscientes de nossas falhas e maduros de nossas escolhas, nos deparamos com
relacionamentos que não exigem mais do outro o que de nós mesmas. É um renovo
de oportunidades afetivas por nós e por quem escolhemos viver. Mulheres se
deram conta de que suas escolhas nem sempre estavam erradas, mas a forma como
lidavam com elas, sim.
Nessa nova ordem de
sustentabilidade relacional, percebemos que o amor é fundamental, mas que ele
precisa estar de acordo com alguns pilares, entre eles, respeito, diálogo,
amizade e companheirismo, confiança, gentileza e generosidade. Que não basta
simplesmente AMAR! Afinal, já sabemos que amor não sustenta relações desgastada
pelo individualismo, onde o egoísmo é a regra.
A sustentabilidade
emocional é a máxima que torna as relações mais leves, não autoritárias,
divididas em partilhas naturais, onde dois conseguem olhar na mesma direção, se
alegram um com o outro, suas conquistas e se apoiam os fracassos. O amor
sustentável rir, conversa, expõe suas emoções sem medo da crítica ou do
julgamento. É compreensivo, mantem a individualidade, mas conhece o respeito.
Chegamos a um ponto
onde é importante, a princípio, construir individualmente uma relação intima
conosco e só assim estendê-la ao outro, aceitando as nossas falhas.
Apaixonando-se primeiro por si, verdadeiramente.
Como se faz isso?
Silenciando e se ouvindo. Investigando minuciosamente seus pensamentos,
atitudes e valores. Se percebendo na pratica, nas ações cotidianas, na mais
pura essência, para a partir daí ter consciência da pessoa que deseja ser,
antes se pertencendo.
Relações sustentáveis
nascem do encontro que temos dentro de nós, com o melhor e o pior que temos.
Porque quando crítico algo no outro revelo o que escondo dentro de mim. É
espelho!
Seja você a
protagonista da sua vida, se coloque no palco principal e não espere ser
aplaudida, antes de reconhecer seu real valor. Trabalhe intimamente sua
sustentabilidade emocional, se reinventando, se desconstruindo e reconstruindo,
sem pressa...celebre consigo seus próprios prêmios, se peça um autografo e seja
sua maior fã.
Uma relação sustentável
é resiliente, está sempre disposto a aprender com seus erros, se contempla em
seus pequenos acertos e almeja a própria evolução. Encontrou dentro de um único
projeto, o que pode ser bom para os dois, e assim alinhar a vida.
Izangela Feitosa
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