O Encanto do Lobo Mau
Já fazia
um tempo que estava convencida a não me apaixonar, dados que os últimos suspiros
de loucura por alguém havia me deixado mais uma vez sem noção da realidade, e
completamente idiota; superar aquela sensação me parecia um feito libertador,
uma vez que nunca fui muito dada a questões sentimentais bem resolvidas. Enfim meu
coração estava fechado para balanço, mesmo. Pelo menos por um tempo.
Acontece
que o corpo, nem sempre segue o mesmo propósito do coração, e querendo ou não,
sou uma mulher normal que sente e deseja muito o calor de um afeto, o gosto de
um beijo, todas as nuances que um bom romance pode oferecer. Difícil é manter
essa separação de desejo e apego, e é aí que as coisas complicam.
Estava
eu super de boa, de alma leve e livre dos transtornos caudados pelos péssimos relacionamentos
anteriores, mas... não vou mentir! Viva!! Muito viva! Quando na fila no banco
me deparo com um deus grego. (Senhor!! O que era aquilo?).
Imaginem
comigo a situação:
Final de
mês, a pessoa na boca do caixa eletrônico, pedindo a Deus por um milagre para
sair com as amigas; aí consegue tirar vinte reais morta de feliz, quando vira de
costa e esbarra num moreno alto, de corpo esguio, usando uma calça super colada
branca e uma camiseta revelando cada pedacinho daquele monumento. Ah... assim
não tem quem aguente!! Você pode estar com as consultas da terapia em dia, ter
tido alta do psiquiatra e suspendido as tarjas pretas, que a recaído é
imediata, meu amor!! Não tenho estrutura psicológica para uma coisa dessa não! Ainda
mais na seca que eu andava. Era no mínimo muito injusto olhar para aquilo tudo
e não se imaginar caindo nos braços daquele homem. Misericórdia!
Ele olhou
desconcertado com a pancada que eu provoquei, e me disse: “Tudo bem com você?”
Eu olhei
dentro daqueles olhos negros profundos e balbuciei um... “TÔ!”
Ele então
se despediu e seguiu em frente. E eu fiquei ali, por uns instantes em choque. Sabe
como é, cidade pequena, todo mundo conhece todo mundo... mas eu nunca havia visto
aquele homem. (Teria sido real?).
Passados
alguns dias descobri que se tratava de um engenheiro agrônomo, amante de
vaquejada e que havia recentemente vindo trabalhar em minha cidade. (Por isso o
porte atlético, escultural! Não que eu seja alguém que se sinta atraída apenas
pelo físico, mas venhamos e convenhamos, tem coisa que não dá para passar
desapercebido).
Consegui
o contato dele e dei uma investida inicial. Soube que era solteiro e que não
gostava muito de balada, mais caseiro, tímido, essas coisas bem superficiais. Conversamos
por mensagens algumas vezes, mas ele sempre dava um jeito de me deixar em dúvidas,
quanto a nos encontrarmos. Tanto que isso nunca aconteceu.
O tempo
foi passando e vez por outra nos encontrávamos em eventos, festas, reuniões
sociais, onde tínhamos amigos em comum. Ele sempre me tratava meio sem jeito
pessoalmente, com certa frieza e vergonha; o que divergia da forma quando conversávamos
por mensagens. Algumas vezes aparecia acompanhado de moças lindas. Acho que
nesse período da história, anos se passaram, ele tenha namorado umas cinco
meninas, sempre com o mesmo biotipo. Aquele padrão, brancas, altas, magras, cabelos
lisos e muito jovens, estourando uns 22 anos. Bem diferente da coroa aqui! Rsrsrsr
Um dia
assim do nada, recebo uma mensagem dele, perguntando se poderíamos nos
encontrar, se tinha tempo para uma conversa.
Eu não
estava fazendo nada, pensei: Por que não? Poderia ser um jeito de descobrir
muitas coisas a respeito dele, afinal em nossas conversar online sempre havia
vontades deixadas em segundo plano. (Se é que você me entende!).
Combinamos
então de nos ver, mas como já disse no início desse texto: “Nunca nos
encontramos!”
Bom dias
depois me deparo com ele, acompanhado de mais uma menininha num bar. Fiquei a
perceber o comportamento dos dois e foi ai que eu entendi tudo!
Passava
pela minha cabeça que a recusa em me dá ao menos uma chance de nos conhecermos
melhor pessoalmente, tratava-se de eu não fazer parte do padrão escolhido aos
desejos dele, mas não era só isso. Ele dominava aquelas meninas, oferecia a
elas o que uma criança deseja ao ter seu brinquedo preferido. Elas não tinham
poder de escolher, nem de opinar em nada. Não passavam de bonequinhas
manipuladas. Chapeuzinho vermelho encantadas com o lobo mau. Meninas fingindo
ser mulheres para agradar em tudo o macho alfa que não aceitaria jamais uma
mulher como eu, vivida, questionadora, resolvida, dona da sua vida. Um homem totalmente
apoiado na beleza da sua insegurança, e fragilidade emocional.
Foi como
um estalo dentro de mim.
Olhei para
aquela situação e não me imaginei nunca ao lado de um homem assim. Na mesma
hora ele me pareceu feio, desengonçado, estranho, sei lá...acabou o encanto!
Cheguei
à conclusão da minha exigência, e que um homem precisa ter mais que um corpo
sarado, um par de olhos bonitos, gentileza aparente. Precisa saber o que quer! E
ele pode até saber, e não o condeno por ter suas preferencias e escolhas, e
isso não significa ser rejeitada. Não mesmo! O padrão de homem que me agrada é
que é outro nível. Um nível intelectual, maduro, original, autêntico, real. Essencialmente
consciente de quem é. Desses que não levam a primor a qualidade da casca, que
percebe o que tem de melhor na essência, confiante em sua simplicidade. Um tipo
cada vez mais raro, que não se encontra em qualquer fila de caixa eletrônico.
Izângela
Feitosa
Rsrs.......te vi nessa cena. Fico me perguntando se essas suas histórias são reais.? Porque as personalidades citadas por vc tem características bem próprias suas.
ResponderExcluirAh....já ia me esquecendo, concordo com vc, ele era ou é apenas um lobo.
Que lindo! Mim expiro em deus textos.Obrigada por mim marcar 😍😍
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