Mulherão da porra!

 

Outro dia olhando algumas fotos nossas, minha filha e eu; fui surpreendida com uma pergunta muito intrigante: ‘Mainha, porque a senhora não se arrumava nessa época?’

A época a que se referia, foi um tempo quando ela era criança, e eu vivia assolada de muitas responsabilidades. Essa poderia ter sido facilmente a resposta para aquela pergunta, mas não quis esconder mais uma vez as verdadeiras razões daquele desprezo pessoal.

Houve um tempo, não sei dizer bem quando, que deixei a mulher que sou esquecida e quase a perdi dentro de mim, mas eu gosto quando sou provocada pela minha filha sobe essas questões; é para ela que preciso ser exemplo.

Fazia um bom tempo que havia deixado de me maquiar, de me cuidar, de gostar de mim. Aliás, ‘no meu tempo’, não era muito comum essa exaltação da beleza, como é hoje, mas havia sim, um modelo de beleza a ser seguido normalmente.

Fazia anos que não me importava com o cabelo, com as roupas, não usava mais salto alto, não vestia vestido, nem saia, lingerie, então...você pode imaginar a situação!  Fazia até pena! O meu estilo era o básico do básico. O mais invisível possível. Dizia para todo mundo que não me importava com isso, que não sobrava tempo, que não sabia e nem precisava me produzir. Mas a verdade é que sim, eu me importava. Me importava muito!

Toda aquela casca impermeável eram para me esconder. Esconder o que eu de verdade nem sabia mais ver. Esconder de mim a mulher que um dia eu fui antes de me conhecer. Um rascunho do que hoje sou.

Às vezes você escuta tanto que é alguma coisa, que esquece quem de verdade é. Você vai minando toda sua autoestima, sem perceber vai aprendendo a se auto sabotar, e quando se dá conta não encontra mais nada de você ali. Num dia você deixa a saia, no outro, não veste mais vestidos, deixa de lado os altos, e não usa mais batom. Parece que todos os defeitos do mundo estão em você. Foge dos espelhos; se sente feia. Nada lhe serve. Nenhuma roupa, sapato ou maquiagem é capaz de trazer de volta quem é você. Porque esse brilho tem que vir de dentro. A gente reflete o que carrega por dentro, o que internaliza em teu ser, é potente demais. Te faz acender ou apagar.

Essa é uma condição perigosa, porque é um tipo de violência tão comum exercida por nossos parceiros, com a autorização que permitimos a eles, desde os primeiros relacionamentos, naturalizanda o machismo que nos torna refém dessa busca incessante por beleza exterior. Como se isso fosse o fundamental, nos cobramos o tempo todo, alimentando a fragilidade e a insegurança masculina e feminina.

Costumo dizer que o que acaba com a nossa autoestima chama-se: HOMEM!

Mas antes que eu seja condenada vou explicar o que acontece.

No princípio das relações a gente tem todo aquele apelo pessoal de auto amor; se cuidar atrai o outro; que por sua vez é atraído pelo que ver e sente à vontade de “possuir”. Somos interessantes porque somos interessadas em nós. Nenhum defeito aparente incomoda, quando estamos mais ligados no que projetamos ao nosso querer.

Com o passar do tempo, vínculos estreitados, assumimos todo uma postura mais natural, passamos a ver o outro não mais sob olhar do encanto, mas sob a verdade, é nesse momento que muitas vezes precisamos dos estímulos para reacender. Afinal de contas, quem não gosta de elogios?

Sentir-se agradável ao outro, faz com que queiramos ser cada vez mais agradável a nós. Não estou dizendo que a opinião do outro sobre você é o ideal. Não! É a sua opinião que conta, mas um reforço positivo de quem amamos muda tudo.

Comigo foi assim. Deixei de me amar por não achar possível ser amada.

Parece louco isso né? E, é!!

Eu gostava tanto de me arrumar. Como gosto agora, muito mais!! Mas esse intervalo de perca de autoestima, me fez perder os melhores anos da minha juventude me maltratando, me julgando; recorrendo a artifícios perversos para me encaixar padrões inalcançáveis. Sob a ameaça de que se não fosse assim, ninguém nunca ia me querer!

Como alguém iria me querer, se eu mesma não me queria? Quanta ironia!!

Hoje sou eu que me quero! Que me gosto, que me amo. Me arrumo para mim, sob o meu olhar, me celebro, me aceito e me exploro, me reinvento. Sou perfeitamente linda, sexy, atrevida, natural. Uso e abuso do que posso e quero. VIVA! Do meu jeito...só meu!

A mulher que eu fui antes de me conhecer iria morrer de inveja, desse mulherão da porra que eu sei que sou!

 

Izângela Feitosa






Comentários

  1. Viva do seu jeito intensamente!!!

    💚💚💚

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  2. Realmente amada, você é um mulherão da porra. A baixa autoestima nos anula por muito tempo. Me reconheci no seu texto.

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  3. Exemplo de superação de baixa aitoestautoestima para uma mulher que tem amor próprio

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  4. A MULHER incrível, deslubrante, encatandora, como eu digo eu tenho a mãezinha mais lindaaa!!! Quanto orgulho tenho de cê, da mulher que cê é, tem se tornado a cada dia😍👏🏻❤

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  5. "MULHERÃO DA PORRA " VC A beleza torna uma mulher atraente. A beleza, junto com a simpatia, tornam uma mulher interessante. A beleza, junto com a simpatia e a inteligência, tornam uma mulher afrodisíaca.

    Paulo Monteiro Jr.

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  6. Eu tbem ja fui essa mulher descrita por vc ,gracas a Deus me libertei...e hj sou feliz bjos.

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  7. Tu és isso tudo e um pouco mais 👏🏻👏🏻👏🏻

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  8. Você é incrível, Iza. E a sua história é inspiradora. MULHERÃO DA PORRA SIMMM

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  9. A mulher que eu fui antes de me conhecer iria morrer de inveja, desse mulherão da porra que eu sei que sou!

    Você arrasou, nessa frase. Kkkkk

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