Casando com a felicidade

Casando com a felicidade.

Outro dia li uma mensagem, supostamente sobre uma conversa entre duas mulheres. Uma delas estava prestes a se casar e perguntava a outra, por experiência de anos de matrimonio, qual era o segredo da longevidade matrimonial? Ela então respondeu com uma outra pergunta:

- Porque você está se casando?

- Para ser feliz!

- Pois já começou pelas razões erradas.

- Como assim?

- Não se deve casar para ser feliz. Deve se casar para fazer o outro feliz.

Confesso que quando ouvi aquilo, imediatamente pensei, quão machista era aquele pensamento. Pensei na tamanha submissão que as religiões pregam em relação a mulher. Uma vez que esse diálogo partira da ótica ideológica de uma corrente religiosa específica, a qual as duas mulheres em questão pertencem. Nas tantas obrigações que carregamos, antes, durante e depois do casamento. Tantos questionamentos que por uma fração de segundo me incomodei, até ouvir as razões que justificavam aquela afirmação.

-Deve se casar, quando sentir que já és suficientemente feliz sozinha, e aquela felicidade não lhe basta mais. Que esse desejo possa ser dividido e multiplicado por aqueles que escolhemos ter ao nosso lado. Não há nada mais maravilhoso que compreender que a nossa felicidade única, pode transbordar em felicidade coletiva, na família que escolhemos ter.

Juro, nunca havia tido um motivo mais ideal para pensar no casamento. Me veio a complexidade do quanto achamos que ser feliz está basicamente no agrado do outro. Mas não, somos suficientemente capazes de sermos felizes, embora particularmente, eu creia que vimos ao mundo para sermos pares, a unidade não pode ser compreendida como infelicidade, porque ela não é.

A busca por nossas “metades”, embora a certeza de sermos completos, nos mostra o quanto é interessante nos relacionarmos, lidarmos com o outro, fascinarmos com descobertas, assustarmos de sermos pego de surpresa pelos sentimentos mais lindos e avassaladores.

Casamento dá medo; como tudo que acreditamos não ter controle. Mas eu vou te contar uma coisa... A gente nunca tem! Sobre nada!

A gente pode passar anos vivendo, dedicado, certos de que escolhemos a pessoa ideal e de repente se dá conta de que não somos tão felizes. Que vivemos para fingir felicidade. Acomodados e acovardados de mudarmos. É preciso coragem para lidar com sentimentos reais. Mas a felicidade é um termômetro certo. Ela nunca erra.

Não tem a ver com o tempo que nos dedicamos, ou com os planos que já fizemos; as fantasias que já criamos. Tem a ver com o sentir, querer... A nossa felicidade interior é o marcador ideal.

Preste atenção! Se por algum descuido sentirdes que sozinha não és feliz, não recorra ao outro para tal felicidade. Existem lugares onde somente a gente tem acesso, geralmente ele é escondido, discreto e bem pessoal. Um lugar fechado onde as chaves só estarão nas tuas mãos.

Abra a porta e deixe a sua felicidade entrar, sem pressa. Ás vezes o mais bonito da vida não é aonde queremos chegar, mas todo o caminho percorrido, de encontros, desencontros, amores e saudades. Pessoas vem e vão, e assim, na inconstância de estarmos ou não, prontos para vivermos aquilo. A vida sempre nos mostra que há um tempo, e pra que, para todas as coisas. Quando estiver repleto da sua própria felicidade, deixe extravasar. Assim não haverá erros, medos nem temor. Estar ligado a alguém não é necessariamente “casar”; existem vínculos afetivos tão fortes que dispensam contratos ou promessas, mas nunca excluirão a magia maravilhosa do sentir. Casar-se com a própria felicidade é o grande desafio, ninguém pode assumir essa responsabilidade por ninguém. Nada é tão nosso quanto a certeza de sermos genuinamente conscientes que podemos oferecer ao outro aquilo que de melhor temos dentro de nós.

Casamento é um contrato estabelecido primeiro com as nossas decisões, que não cabe ao desencontro de deixarmos de ser quem somos, mas de somarmos a um mesmo propósito, que não tem obrigação alguma de ser eterno.

 

Izângela Feitosa





Comentários

  1. Perfeita descrição dos reais motivos que deveriam fazer alguém querer casar.

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  2. Concordo com o texto é muito interessante e profundo,nos faz refletir.

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  3. Super concordo! Ótima reflexão...

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