QUEM EU ERA, ANTES DE ME CONHECER

Quem eu era antes de me conhecer.

Há algum tempo tenho me dedicado a trabalhar com mulheres no intuito de desmistificarmos a nossa própria feminilidade. Existem em nós um campo inexplorado de desígnios que inconscientemente reproduzimos sem ao menos percebermos, que se trata de práticas sociais repetitivas, surgidas a partir de conceitos masculinos, que nos organizam com inferioridade. Não é segredo para ninguém que vivemos num mundo criado e regido pela ótica masculina, institucionalizando papeis e limitando a nossa liberdade de ser.

Ser mulher não é fácil! Nunca foi! Arrisco dizer que hoje graças a muita luta conquistamos certo espaço político e social, porém ainda muito restrito e que muitas vezes nos colocam em submissão velada, apoiando algumas vezes o poder masculino como uma forma de proteção.

Por que estou colocando esses conceitos agora nesse pensamento? Porque muita gente que me conhece hoje, supõe que eu exerça essa força interior, de empoderamento com tanto afinco, que chegam a me perguntar se eu sempre fui assim? Eu repondo: De jeito nenhum!

Para começar não gosto de dizer que sou empoderada, bem resolvida, autônoma, decidida, cheia de atributos que uma grande mulher na vida e na história apresenta. Gosto de acreditar que sou apenas uma mulher comum, que as vezes se orgulha de suas conquistas, que assume seus problemas, mas busca soluções; que acorda alguns dias se sentindo linda, em outros repleta de defeitos, que só eu sei onde estão; que também as vezes escorrega, perde a linha, chora, se embriaga, desanima, enlouquece. Perde a paciência, perde a esperança, ao mesmo tempo que sonha com um príncipe encantado, olho para si e grito: -Pra que eu preciso de um homem! Kkkk

Quero dizer que ninguém, absolutamente ninguém, é capaz de se encaixar no conceito de perfeição, e que ser compassivo com sua humanidade não te diminui em nada. Que está tudo bem demonstrar suas fragilidades de vez em quando, desde que isso não se torne uma arma apontada contra você. Que você saiba extrair de cada momento desses um pouco de sabedoria e de autocuidado, se percebendo e se permitindo a ser nova e melhor.

A mulher que eu fui, de vez em quando entra num conflito direto com a mulher que hoje estou, e certamente criará outros bem maiores e distantes com quem eu serei daqui para frente.

Essa percepção de sentimentos baseados na minha própria vivência, fazem com que agora eu possa contar um pouco do que eu tenho aprendido. Não quer dizer que tenha a receita para alguma coisa, porque não temos. O protagonismo de alguém é inerente a oportunidade de aprender com suas próprias quedas. Resiliência é remédio forte para curar dores profundas, porque o que não se pode mudar, necessita de um novo significado para fazer sentido, assim os fardos ficam mais suaves e nossa vida faz mais sentido.

Uma das coisas que eu sempre me digo é: - As coisas são como devem ser!

Temos o poder de decidir por nós quase sempre, mas sabemos que cada escolha culmina exatamente numa resposta proporcional ao que escolhemos. Aquela velha história... o que se planta, se colhe. Dessa lógica não se foge.

Quem eu era antes de me conhecer, é uma serie de percepções que tive que enfrentar sozinha, algumas delas me fizeram chorar muito. Outras me fizeram rir, acordar, entender, ressignificar. Mas todas elas, me fizeram mudar alguma coisa, que precisava ser mudada.

Acredito que ainda não posso dar por terminado esse processo, porque enquanto vida temos, também alunos seremos. Mas digamos que agora seja um capítulo inicial nessa construção formada por desconstruções importantes. Que me revelam o quanto é profunda a minha fundação de ser.

Lugares que eu jamais pensei ter coragem de enfrentar, por onde andei descalço e despida, totalmente vulnerável, absolutamente necessário, para o renascimento de uma mulher melhor.

Espero a que ao final dessa viagem guiada através de erros e acertos, você também possa se visitar. Aproveitar para fazer questionamentos e se vestir de coragem, para encontrar as respostas. Essa é a proposta.

Gratidão!

 

Izângela Feitosa







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