VIDAS CONVENIENTES

 

VIDAS CONVENIENTES

Estamos vivendo tempos de relações convenientes. O sentido de está junto se perdeu quando na prática se coloca o que convém. Casais estranhos dividindo o mesmo espaço social, fingindo intimidade, partilhando vida, dividindo contas e obrigações, distantes uns dos outros, certos do que já não são. O tempo todo preenchido de tarefas, horários cheios, correria, cabeça cheia e corações vazios.

É tão difícil ter coragem de mudar! Principalmente quando já se está acostumado aquela vida. Muitas vezes a gente nem se dá conta de tudo que já perdeu. Das conversas que já não temos, nas risadas que já não dou, da vontade de está perto, do corpo que se fechou. Tudo parece tão normal e tão estranho ao mesmo tempo. Relações antigas tendem a esfriar quando vamos deixando a rapidez dos dias nos consumir na mesma velocidade que vamos nos perdendo, e consequentemente o outro. As vezes quando nos damos conta já é tarde demais. Já foi aberto ali no meio um espaço perigoso, que encontrou lugar favorável para outro entrar. Mas até lá ainda existem motivos para continuar?

Por mais que você suponha que não, eu acredito no amor a dois, na possibilidade de vida feliz juntos, na construção de lar de um jeito novo, mas totalmente possível e viável, mas é preciso coragem para arriscar. O que percebo hoje é que ficou fácil desistir nos primeiros obstáculos, ou ainda suportar os dias ao lado de alguém que não se conhece mais. O que também pode ser fascinante, depende de como você quer olhar.

Estamos sempre em constante mudanças e é logico que o rapaz que conheceu aquela mocinha na adolescência já não existe mais. Embora a gente tente ao máximo fugir do tempo; não tem jeito, ele nos pega de qualquer maneira, de bom grado nos torna melhor ou não.

Existem pessoas que se frustram tanto ao longo da vida que a infelicidade passou a ser a única forma possível de viver, tornando insuportável a sua e a vida de outras pessoas ao redor. É nítido ao primeiro olhar, no falar dessas pessoas a dor que carregam nos ombros, as vezes por puro orgulho, os consome.

Vidas convenientes em que afinal? Se a felicidade parece ser o nosso único e real objetivo de vida.

É tão complexo adentrar no mundo do outro. Tentar se encaixar onde já não te cabe mais. Honestamente; não vale a pena!

Partilhar uma vida na perspectiva de sabermos ser infelizes, infiéis, desonestos com o que sentimos. Não há razoes financeiras que nos compense o amargo do que perdemos em vida. Não se volta atrás no tempo. A conveniência não vai ensinar aos filhos a verdadeira forma de amar. Não vai dizer como é bonito o respeito; como é importante a honestidade de sentirmos.

Viver de conveniência é a forma mais medíocre de se convencer a infelicidade, como se ela fosse a sua única opção. Quando não é.

É difícil sim recomeçar. Mas é libertador usar da verdade pelo amor. Não deixamos de amar quem por conveniência não ficou, mas certamente odiaremos saber que um dia fomos para alguém apenas o conveniente.

 

Izângela Feitosa






Comentários

  1. É difícil pensar que existam relacionamentos que aprisionam, em pleno sec 21, mas ainda há. Por comodidade, aparência.....mudar dói, mas é libertador mesmo. Agora precisa ter "sangue no olbo" para quebrar esses paradigmas.

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  2. Uma grande reflexão, reflete a inconstancia dos sentimentos, da vida, nos dias de hoje onde paira apenas o agora, a perspectiva do amanhã é incerto.
    Profundo...

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