O Nome

O Nome

          Outro dia li um texto interessante, falando de amor, intitulado: O fim do nome... (Grande novidade, para alguém romântica como eu!)

          Esse texto perfeito, descreve o quanto nos pesa ser chamado pelo nosso próprio nome quando estamos envolvidos por quem amamos. Arrisco dizer que é quase impossível alguém ser amado e não ser destituído de imediato do seu próprio nome, sendo substituído por adjetivos, alcunhas, sons próprios de representação tão mais calorosos. Torna-se estranho o fato de sermos chamados pelos nossos nomes de batismo.

É suspeito porque somos batizados por nomes que refletem o amor de nossos pais por nós; há sempre um significado importante que os remete a algo representativo na vida deles, e que por alguma razão amorosa, estendeu-se a nós. Mas quando o amor se desenvolve no seio familiar é quase uma ofensa ter seu nome gritado pela mãe; se for um nome composto então, e ela o fizer unido, pode ter certeza de que ali tem algo muito errado!

Apelidos são formas mais que carinhosas de agraciar alguém com um novo nome. Apelidos carinhosos, não os bullyings que tanto se veem por aí, ofensivo e depreciadores. Apelidos, designam a identidade de um ser em relação ao outro, através do mais puro amor.

Eu não tive apelido, escolheram um nome único e de certa forma um tanto peculiar, talvez por isso durante toda minha vida fui chamada pelo nome inteiro, exceto pela minha mãe.

De um jeito muito especial, meu apelido já fazia parte da história de vida da família da minha mãe, então para ela sempre foi natural se dirigir a mim pelo mesmo nome que a minha avó usava. Mas quando me casei foi que entendi a representatividade dessa coisa amorosa de ser única com apenas poucas letras. Foi assim que me tornei Iza.

Ser chamada dessa forma era quase um Eu Te Amo constante. Aquela pequena palavra traduzia milhões de sentimentos, que eram retribuídas da mesma forma quando o chamava.

Nós nunca conseguimos nos tratar de outra forma, éramos um, sendo dois e ao mesmo tempo únicos como nós. Era amor.

Não tinha noção do quanto esse pequeno gesto era tão importante até que deixei de ouvi-lo, quando nos deixamos.

Foi como perder uma identidade construída por muitos anos, e ter que nascer de novo.   

Voltar a ser Izangela foi um caminho árduo, que ultrapassa a máxima de ser apenas um nome, porque da mesma forma que o apelido traduzia o amor, a sua desconstrução desempenhava o desamor.

Me dei conta do quanto era desconhecida, até por mim mesma. Levei um bom tempo para acostumar a não ser chamada assim. Fui construindo a passos curtos uma nova identidade, que traz agora a força original de quem sou pelo batismo do amor-próprio. Gosto demais de ser Izangela. Mas não sofro mais em ser as vezes simplesmente Iza...Isso também é uma forma de amor, que trasbordou a outros. Mas reconheço que entra as duas há uma distância considerada, que as difere em quase tudo e quase nada.

Esses dias exclamada de meu nome, fui mais uma vez abordada com a estranheza, só que dessa vez de forma positiva; quando me disse que meu nome é lindo. E ele é!

Iza ou Izangela são mulheres que aprenderam que o amor possui nome próprio, e que suas muitas formas de serem ditas dependem exclusivamente do quanto me dou a cada um, e isso importa.

Cada vez que me apresento, renovo a oportunidade de ser nova, única em qualquer situação.

 

Izangela Feitosa





Comentários

  1. Essa percepção é verdadeira. Engraçado que dificilmente repetimos os adjetivos carinhos nos relacionamentos, pq cada um tem q ter seu jeito único.

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  2. Agora você me fez lembrar dos apelidos carinhosos que minha mãe me chamava quando eu era criança. Foi gostoso relembrar 😘

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