Fenix

FÊNIX

 

“Tenho andado distraído, impaciente e indeciso; ainda estou confuso só que agora é diferente. Estou tão tranquilo e tão contente. Quantas chances desperdicei, quando o que eu mais queria, era aprovar pra todo mundo que eu não precisava provar nada pra ninguém...”

Renato Russo/Quase Sem Querer

Tenho certeza de que se você conhece essa música, está agora mesmo cantarolando essa preciosidade poética, desse autor magnifico, e um dos meus preferidos. A profundidade dos versos que embalam a mágia do que se quer dizer, falando sobre tempos, dores, se colocando em avaliações constantes sobre si, coisa que se escuta muito nos dias de hoje. Processos necessários de evolução. O que seriamos sem nos permitir a isso?

Nos últimos 10 anos, essa mulher que vos fala, tem experimentado um caminho pouco visitado de propósito, e talvez possa dizer meio que melancolicamente que o sofrimento me faz bem. Estranho chegar a essa constatação, mas intimamente percebo algo bom, naquilo que aparentemente parece tão ruim.

Minha natureza feminina, poética, carrega a intensidade da inteireza, mesmo quando estou aos pedaços. Sinto meus pés tocarem meu solo sagrado cada vez que permaneço, naquilo que profundamente preciso enxergar, em silencio, maturando um campo de amor-próprio que é posto em xeque cada vez que me abandono em amores rasos, apaixonada ou não, insisto em amar, pelo que desejo, me deixando confundir algumas vezes nesse processo, mas que agora também enxerga a dor como válvula de pressão para renascer.

Não que tenha uma natureza de competência suicida, mas algumas mortes precisam ser feitas, quando não há espaço para um renascer. Mas sempre renasço! Mesmo quando penso que não vou conseguir, acredito nessa força estranha que reside em mim, e ela nunca, nunca falha.

Sou como Fênix! Aprendi a lidar com o calor do fogo, que vez por outra me consome avassaladoramente. Ser fênix me permite adentrar no fogo aos pedaços, estraçalhada de pequenos artefatos que me fazem sangrar até a última gota de sangue em dores de alma, colocando-me em conflitos mentais absolutamente pesados, vestindo uma couraça de fortaleza, sem evitar reconhecer as muitas vulnerabilidades, que me constroem nessa jornada de vida cheia de mistério e fé. Há uma força transformadora gigante, envolvente, conduzindo-me a um horizonte maior do que a visão dos olhos pode ver. É fogo, transformador, forte, quente, vivo, ardente!

Passo dias em destruição total, maturando os processos, avaliando friamente, com cautela cada possibilidade seguinte, de um jeito puramente natural, essencialmente eu.

As vezes penso que não vou conseguir, as vezes o processo de morte dói demais!! As vezes menos do que suponho; as vezes duram meses, anos; as vezes instantes. Porque agora, minha consciência treinada, compreende a particularidade dos processos de fim. É preciso ter coragem para aceitar esse renascer. A minha aceitação de mim, não exige o reconhecimento de mais ninguém, além da minha própria aprovação de vida. Tudo passa!

Saber extrair das cinzas a beleza é resiliência pura! Permitir-se ser provado, quebrado, destruído, ser posto até a exaustão de si mesmo, é ser único em sua natureza humana. Porque ninguém te ensina como suportar a dor, mas todos nós sabemos que se aqui estamos, iremos sofrer. Como se sofre é que faz toda diferença. O poder decisivo ainda é seu. Só se sofre até onde sua mente aceita. Haverá sempre uma alternativa.

Conduza sua dor até o ponto necessário ao aprender, mais do que isso é masoquismo puro, ou vitimismo barato de quem não tem autorresponsabilidade.

Não delego a ninguém as minhas escolhas, não me abandono em lugares vazios, não aceito mais migalhas, me perdoo por todas as dores desnecessárias que me causei, e faço as pazes com quem sou inteiramente. Sou maior que isso! A dor passa...cicatrizes ficam e são transformadas em marcas, para serem lembradas com sorrisos e não com lágrimas. Tudo é caminho, tudo é processo, transforme-se!!

Certamente quando tudo parecer finito, renascerei, muito mais forte, mais linda, iluminada, leve, rica de sabedoria, e consciente de que há um propósito maior.

Depois de tudo, como conclui Renato Russo, em sua poesia...

“Já não me preocupo se eu não sei por que

Às vezes, o que eu vejo, quase ninguém vê

E eu sei que você sabe, quase sem querer

Que eu quero o mesmo que você”

 

Izangela Feitosa

 




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