PORNOGRAFIA


 Pornografia

Esses dias estudando me deparei com um assunto muito conhecido, mas pouquíssimo debatido entre as pessoas, trata-se de um conteúdo que faz parte da educação sexual da maioria das pessoas, mas que inacreditavelmente ainda é uma espécie de tabu qualquer expressão de relatos ou conhecimento a respeito. Falo sobre pornografia.

A pornografia possui um lugar, digamos assim, “especial” na vida dos meninos dentro da nossa educação patriarcal, através dela o jovem homem consegue (erroneamente) compreender seu papel de “promotor” do prazer feminino.

Erroneamente sim! Porque a pornografia é uma forma ordinária de educação sexual, autodidata, onde existe uma desconstrução dos papeis ideais de relacionamentos. Nela toda questão performática se torna mais eficiente e importante do que a afetividade e o respeito entre as pessoas e consequentemente seus corpos.

A imagem do homem com seus corpos sarados, de pênis enormes, sedentos de prazer, dispostos há horas de exercício, capazes de enumeras proezas totalmente irreais. Contrapondo-se a imagem da mulher objetificada, sempre vulnerável, nunca na postura de autoridade, com seus corpos quase infantis, dispostas a toda e qualquer obra destinada ao culminante desfecho do gozo ideal. (Parece até cascatas de FOZ de Iguaçu, de tanta Porra!)

O modelo negligenciado de educação sexual que permite aos meninos o acesso a certos conteúdos perversos de ideais, também os machucam. Eles crescem acreditando que é daquela forma que poderão serem satisfeitos; mas o que eles não percebem é que a pornografia só existe para uma parte dos envolvidos, a nós mulheres ela é absolutamente proibida. Uma jovem mulher ter acesso a esse tipo de conteúdo a transforma imediatamente em uma puta renegada socialmente e uma péssima influência em seu ciclo de amizades, até mesmo entre os meninos.

Sim...em pleno século 21 ainda é assim!

Conheci a pornografia de forma totalmente imprevisível.

(Lá vou eu fazer mais uma de minhas condições...RSRSRS)

Como todas as meninas da minha geração, talvez muitas que agora me leem, meus pais nunca tocaram no assunto sexo perto de mim. Como se fosse uma doença contagiosa e mais perigosa que o Corona Vírus, jamais poderíamos nos referir as genitálias. 

Acontece que eu tinha um grupo de colegas da escola que residiam sozinhos sem os pais, numa casa alugada para facilitar a educação deles. Eles eram irmãos e morava também com eles uma sobrinha, que no caso era muito minha amiga. Os pais moravam na zona rural e rara vezes os visitavam. Pois bem, ambiente propicio para adolescentes "homens" terem experiências "permitidas a eles" em liberdade, inclusive sexuais. 

A sobrinha e eu, sempre estudávamos juntas e numa dessas nossas buscas por conhecimento, a procura de livros para pesquisa, nos deparamos com um baú repleto de revistinhas pornográficas, ainda em desenho HQ. Curiosas começamos quase como meliantes escondidas da polícia a folheá-las, e tudo aquilo nos pareceu sujo, errado e pecaminoso. Nem sei descrever bem qual foi nossa reação. Riamos e ao mesmo tempo estranhávamos tudo aquilo.

Essa foi a primeira vez que eu realmente consegui compreender a prática fálica do sexo, até então na minha cabeça era apenas uma historinha romântica, onde dois jovens se apaixonam, se beijam e finalmente eram felizes para sempre. Sem dor, sem processo, sem problemas e sem complicações. Foi chocante compreender através daqueles desenhos, que algo tão repulsivo (era assim que eu sentia), também poderia causar sentimento de vontade, desejo, interesse. Quase que me condenei por aquilo. Demorei muito tempo para aceitar, sozinha a naturalidade da pornografia. Com o passar do tempo, Playboy, Brasileirinhas e outra publicações ganharam espaço, na curiosidade e na minha vida cotidiana. Sendo algo bem presente inclusive dentro do meu casamento, o que eu não consigo ver como de todo mal. Mas agora já faço algumas outras considerações importantes.

Não condeno totalmente, mas também não recomendo!

Existe um limiar tênue entre o sexo praticado como pornográfico e o erotismo necessários para a construção do prazer a dois. É aí que eu reflito:

Onde estão as nossas respostas a respeito do que nos faz bem sexualmente? Será que não já fingimos tempo demais que não precisamos desse diálogo? Como podemos acreditar de forma responsável nas nossas relações, se compreendemos ainda o sexo de forma diferente?

Passei tempo demais achando realmente que eu precisava ser como as mulheres dos vídeos, fingindo prazer para agradar. Sendo infeliz!

Sexo é parte importante das relações, até mesmo sem praticá-lo. É necessário que façamos uma revolução sexual a partir do que compreendemos como felicidade, em respeito muito mais do que simplesmente prazer.

A pornografia é responsável por uma infinidade de inseguranças e conflitos relacionais, que precisa urgente ser trabalhado naturalmente na construção de novos pares, ou mesmo de uma forma geral de relações humanas. Não mais colocando a mulher como omissa, nem a exigindo de um padrão de beleza performático ideal, assim como os homens não tem nenhuma obrigação de serem Kid Bengala.

O bom do sexo está no erotismo da fantasia com o que é real. Corpos e mentes alinhadas num só ritmo sinuoso de prazer. Isso sem delegar modelos pré-estabelecidos. LIVRES ! Mas conscientes de que funcionalmente estão perfeitos.

 

Izangela Feitosa










 [ICF1]

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