PALAVRAS BEM/DITAS


          Ouço sempre por aí o quanto é difícil adentrar corações, o quanto as relações hoje estão cada vez mais fragilizadas, superficiais; mas tenho um conceito diferente sobre assunto. A modernidade une algumas coisas e distância tantas outras, temos a sensação de que estamos sempre conectados uns aos outros, através de mensagens rápidas, sentimentos compartilhados, ideias e respostas parecidas; dessa forma ocupar um coração não é tarefa lá tão difícil, difícil é sustentar-se ali dentro, construir vínculos, alicerçar com respeito e afeto essa correlação que deve existir entre duas pessoas. Pagar o preço dessa estadia, sim é complicado.

Ao mesmo tempo que a modernidade nos dá a ideia de interação, ela também segreda, sobretudo aqueles que constantemente fazem parte da nossa vivência. Arrisco dizer, que nossos laços afetivos “raízes” foram os mais prejudicados.

          Outro dia li um post de uma amiga, onde ela usava aquela ferramenta como divã para quem sabe, aliviar a dor que naquele momento assolava sua alma. Aquelas palavras soaram como um suplico, pois ao meu entendimento foi assim interpretado.

 Li atentamente e como muitos outros amigos de redes sociais, fiz ali um comentário motivador, algo que pudesse servir de apoio para o que ela estava sentindo. Mas não foi o suficiente. Meu coração ansiava por mais.

          Passei o dia inteiro pensando naquilo, como se por acaso eu pudesse desfazer o que a minha alma pedia. Ela queria um encontro. O afeto necessário para acalmar, mesmo que por um instante, a tempestade que se passava. Eu tinha que encontrá-la.

          Cheguei em sua casa, meio assim de surpresa, dei-lhe um abraço daqueles tão honestos que se pode sentir os sons de Deus em oração, não era um encontro de corpos, foi um encontro de almas ligadas por amor.

Deixei derramar ali sobre nós duas o peso das lágrimas que muitas vezes carregamos sozinhas, em silencio, com vergonha de sentir.

Conversamos muito sem dizer uma palavra. O silencio entendeu tudo que tínhamos pra dizer. Mas ainda assim é preciso falar, e lá do fundo da meu intimo disse-lhe: Eu te amo tanto...como quem responde a todas as perguntas do mundo numa só expressão.

          Nossa conversa foi breve, a deixei muito em paz. Mas no caminho de volta para casa comecei a refletir. Onde estão os amigos quando mais precisamos? Olhei para mim... Me questionei como amiga. Quem são meus amigos? Onde habita meu coração.

           Houve um tempo em que minha casa era cheia, muita gente queria está ao meu redor, mas as coisas mudam e o que foi ontem, hoje, já passou. É quando não se tem mais nada material, que espiritual conta pouco pra quem nunca se deu o trabalho de te conhecer. As máscaras caem, as pessoas se revelam, escolhem lados e cada dia mais, estreitam os caminhos ao seu lado.

Não é fácil caminhar com alguém quando a única coisa que te resta é a fé. A riqueza de dinheiro atrai o que riqueza de espirito rejeita. É quase impossível as duas andarem juntas. As amizades sinceras pautadas no amor de quem realmente se importa com você precisa da espiritualidade. Precisa do altruísmo, precisa da sensibilidade de pensar: E se fosse comigo?

          É tão bom poder vivenciar essa devoção aos valores reais, não quero propagar aqui o que faço. Compartilho com vocês as minhas percepções, pois eu sempre prefiro falar de mim. Mas sinceramente isso me faz feliz.

 Ver que um simples gesto pode transformar o dia de alguém. O que eu perco com isso? Palavras bem-ditas, sopro de amor, só enriquecem quem doa, e nisso não há perdedor.

 

Izangela Feitosa



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