Os homens mais lindos


Me dei conta esses dias que possuo amizades que brotaram de um jeito bem peculiar. É verdade que desde bem pequena ganhei de meu tio a alcunha de psicóloga, talvez por tentar entender melhor as pessoas, por doar meu tempo, parar para ouvir. Sempre fiz essas coisas. Passava horas observando a forma como as pessoas se tratavam, como as relações entre eles se despertavam ou mesmo como estavam rompidas. De certa forma errei muito na análise pessoal sob as minhas relações, (até porque não sou psicóloga!) que na verdade eu classifico por sabotagem, pois no fundo a gente sabe o que sente, e covardemente não assume as posturas corretas por medo de sair da zona de conforto, que de confortável só tem o nome mesmo. Que eu poderia chamar claramente de preguiça de viver.

Enfim, eu percebi que minhas amizades com homens giravam em torno dessas escutas, sobre eles, coisas que raramente os homens encontram lugar para fazer, e que a nossa sociedade absolutamente toxica com a masculinidade limita. Homens também precisam de um ombro amigo de vez em quando, e não tem nada demais ser o ombro de uma mulher.

Sempre fui uma amiga bacana...eu acho! (se algum de meus amigos quiser se manifestar ao contrário que fale agora ou se cale para sempre!) Deixava que meus amigos expusessem seus relacionamentos de forma clara e de acordo com a mentalidade e vivencia a nós designada a época, sugeria alguma coisa positiva. Assim fiz vínculos primorosos ao longo dos anos, inclusive com meus namorados.

Curioso é que de uns tempos pra cá tenho reproduzido a mesma pratica, agora de forma mais madura e responsável, pois acredito saber melhor entender as coisas, como funcionam as relações e me proponho mais que um estudo teórico,  arriscar em praticas vividas, há sempre um bom resultado nas coisas aprendidas pela ótica do “faça o que eu faço”, para além do que eu digo. O exemplo é mesmo um ponto importante de conhecimento e de aprendizado, que vale ser difundido.

Homens também questionam suas relações, fantasiam, desejam e as vezes até sofrem por amar demais. O que se prega na verdade é que eles por uma questão de gênero, são nulos de sentimentos reais, mas eu lhes digo que não. Um dos meus amigos chegou à conclusão de que quando adolescente teve uma decepção amorosa que o levou a mudar completamente a forma como dali para a frente se relacionaria com outras mulheres. Endureceu por conta da dor, da rejeição, e decidiu então não mais romper com o que antes parecia tão sem noção, escutar as regras machistas passou a ser lei, e assim se tornou um expert em desilusões. Ele jurou que nunca mais teria seu coração partido, que logo que sentisse o amor chegar, colocaria ali no meio um obstáculo capaz de confundir seus sentimentos, para nunca mais chorar.

Quem nunca teve esse pensamento depois de uma desilusão amorosa que atire a primeira pedra!

Histórias como essas já ouvi várias vezes, sei que não justifica algumas atitudes reproduzidas constantemente pelos homens, ou por mulheres... mas me pergunto quantas vezes nos damos o trabalho de procurar entender antes de condenar? Há cicatrizes em todos nós independentes de gênero, somos humanos, e o amor nos parece um prêmio difícil de conquistar, porque ele não tem regra, nem receita, nem avisa quando chegar, e muito menos nos prepara para os estragos que pode causar, mas estamos todos...TODOS suscetíveis a essa experiencia que nos completa e nos faz ver o mundo diferente.  Baumam, em sua filosofia, já nos diz que ninguém escapa nem do amor e nem da morte, por mais que passemos a vida inteira a fugir dos dois.

O que seria de nós sem essa habilidade que nos distingue de todos os outros seres vivos. Somos em sumo muito especiais, homens, mulheres, independentemente de questões afetivas ou de identidade de gênero, somos únicos.

Pode não parecer, mas nem sempre é de propósito. Eles, os homens, também ficam mal quando afetam alguém que amam, porque eles amam... amam de jeitos diferentes, desassociando sexo de vínculos, experimentando de vários sabores, mas amam a sua maneira. Talvez de um jeito que nós mulheres também deveríamos aprender a amar...mais livre. Não estou aqui defendendo a forma opressora que alguns amam não, longe de mim fazer essa confusão. Estou falando de um amor maduro de homens desligados do conceito de posse, que acreditam nas escolhas e que fazem por onde serem diferenciados em seus sentimentos. Existem HOMENS, e digo HOMENS, independente de idade, que deixaram a brincadeira de menino e sabem respeitar suas relações, que principalmente se respeitam, e que sabem que um coração partido dói...muito.

Eu já vi alguns sofrerem de amor de verdade. Aceitando as dores e seguindo em frente, sem insistir em relações fadadas, sem argumentar egoistamente, sem correr atrás, deixando ir... Também já vi esses mesmos homens superarem as dificuldades, aprenderem com seus erros e reconquistarem algo muito maior... amor próprio, vida própria, autorresponsabilidade. Vi brotar de meninos, homens de verdade, interessantes, inteligentes, donos de suas vidas, bons pais e bons seres humanos. Capazes de abandonar histórias feias de si mesmo. Cientes de suas limitações e conscientes de seus sentimentos mais honestos e profundos. A cada um deles o meu respeito.

Porque as vezes a gente fica tentando buscar justificativas para não se sentir culpado, quando na verdade, só o fato de não estarmos felizes, já é razão suficiente. Mas parece que quando optamos por nós, brota uma culpa desmedida que nos aprisiona a nos mantem estático em lugares que já não nos cabe mais....

A gente precisa aprender a lidar com os nossos sentimentos de um jeito próprio, natural e principalmente verdadeiro. Talvez deixar alguém que a gente ama e sabe que possui tantas outras qualidades, machuque muito; mas é preciso entender que naquele momento já não é suficiente, que é preciso mais que amor para sustentar vínculos de aproximação.

Aos homens que entenderam essa reflexão é fácil identificá-los, certamente os encontraremos felizes em algum lugar e pasmem aquele sorriso no rosto é real e inconfundível, de quem superou as dores existenciais da opressão machista, esses são os homens mais lindos.

 

Izangela Feitosa


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