MUITO PRAZER


Sempre tive interesse em saber sobre temas que implicam no íntimo das pessoas, sentimentos sempre foram temas relevantes nas minhas descobertas. Por muito tempo experimentei na teoria, e só na teoria, o gosto do prazer. A gente as vezes tem uma ideia muito superficial sobre o que é prazeroso e confundimos com o que é aproveitar o tempo. Devo esclarecer que as duas coisas podem sim andar de mãos dadas, mas que não são a mesma coisa.

O prazer para nós mulheres chega de um jeito muito estranho, fazer do nosso tempo livre algo por nós é de fato prazeroso, embora nossa construção social nos conduza a sempre está preenchendo esse tempo com afazeres dedicados a proposta de agradar aos outros. A mulher “deve” tornar o seu prazer agradável aos que se lhe cercam. Nessa perspectiva temos um montão de mulheres que não se conhecem, que se cercam de futilidades e desconhecem de verdade o prazer.

Certa vez conheci uma mulher que vivia todas as regras sociais imposta, boa mãe, esposa, cuidava muito bem da sua casa, da sua família. Um casamento modelo como se dizem por aí. Os dois formavam um casal aparentemente em sintonia. (Pelo menos era o que todo mundo achava). Mas todo aquele modelo de perfeição escondia frustrações profundas, que confundiam o prazer com o ter. Eles não experimentavam de maneira real o prazer um do outro, nem sexualmente falando. Faltava um elo, havia algo solto. Talvez porque eles não tivessem sido orientados ao aprendizado dessa loucura que se chama liberdade.  Ou mesmo por não compreenderem que um casal se faz também por conexões de diálogo, sintonia, afinidade. Um exemplo total e absoluto de frustração. A coisa que os deixavam mais felizes, a isso denominava prazer, era comprar.

Roupas caras, joias, acessórios, carro do ano, lugares exóticos e bela viagens, preenchiam o seu tempo e os deixavam cada vez mais distantes do que é prazeroso. Estavam sempre juntos e totalmente desconectados. Tão juntos e tão separados... Foi quando a mágica acabou, e as dozes badaladas do sino tocaram desfazendo o encanto, que ela caiu na real e voltou ao profundo desgosto.

 O vazio da falta de prazer te deixa tão distante da felicidade que chega a ser perigoso. As compulsões estão aí para provar isso. Todos nós precisamos encontrar esse caminho, esse encontro com as coisas boas da vida. Não tem a ver com o quanto custa, tem a ver com o quanto vale.

Quem nunca se sentiu maravilhosa com um batom vermelho, os pés descalços e uma roupa bem à vontade? Tomando um belo banho de chuva, correndo pelas ruas, deslizando pelas calçadas? Dançando ao som das suas músicas preferidas e cantando-as bem alto?  Quem já não foi absolutamente feliz num porre de vinho daqueles bem baratinhos? Quem nunca se sentiu a pessoa mais especial do mundo com um simples olhar certo? O prazer é isso! É viajar nos sonhos. Experimentar. É sentir-se linda dentro de um vestido, mesmo sem está no peso certo. É beijar aquela boca gostosa que te faz perder o folego. É deitar-se na rede olhando a natureza, e ouvindo o som dos pássaros.  É ler um bom livro, se envolver nas histórias. É sentir estima por si. Se gostar. Não esperar que a vida se encaixe, é se encaixar nela de qualquer jeito.

É conquistar um prêmio; aprender sobre algo novo; receber uma mensagem afetuosa; escutar um eu te amo, ou um escancarado “GOSTOSA”, do cara escolhido.

É sair para ver um filme sozinha sem preocupações. É na cama poder dormir ou realizar teus desejos, sem imposições, sem medo. É comer um chocolate na TPM. Cinco minutos no banheiro depois de ser mãe, no total silencio. É chegar altas horas da noite de uma festa e dormir sem tirar os sapatos. Deitar-se no colo de alguém que você ama. É ser doida, e ser santa quando quiser, sem pensar no que vão dizer sobre você.

 O prazer está aí em toda parte, para quem quiser provar. E só não te conto mais sobre ele, para não te assustar.

 

Izângela Feitosa


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