RES.PIRAR
Em tempos de crise, é melhor ficar guardado! Como prova de amor, poder respirar é sentir-se amado.
Mas como manter esse
sentimento vivo diante de uma situação tão caótica como a que vivemos? O mundo
já antes adoecido, experimenta agora um estagio de comorbidade generalizada,
suas dores deixaram de ser um problema pontual e se tornou PAM; deixando até
mesmo aqueles que praticavam sem dúvida a máxima da esperança com medo de
arriscar no futuro, porque falamos de agora, é o agora que nos preocupa. Diante
das incertezas que sempre tivemos, perdemos também a noção dos nossos atos. O caos
nos parece tão real.
Ações apocalípticas nos
convencem de que é mesmo o fim da humanidade. Se não de todos, mas de uma boa
parte das pessoas do planeta. O que sobrará depois, é talvez mais incerto do
que o que atravessamos. Talvez tenhamos chegado ao ponto de acertamos as
contas. Seria esse o juízo final?
O medo, o desconforto,
ISOLAMENTO, solidão... as muitas dúvidas geradas nesses dias de reclusão,
procuram respostas convincentes da nossa fragilidade, que num minuto nos
colocou finalmente num mesmo nível: somos todos iguais.
Agora não adiante teu prestígio,
teu dinheiro, tua vaidade. Se tinha um corpo perfeito, comia carne ou se
praticava esporte. Se casou uma, duas, três vezes. Se foi fiel. Se praticou
sexo seguro. Se ofendeu o vizinho. Se brigou por política. Se pagou as contas. Se
andou na moda. Se vivia em barraco ou mansão. O inimigo é invisível, eclético,
ligeiro e não aceita condição. Ele vem de mansinho, sem fazer alarde e quando
se percebe, já deixou um enorme estrago.
Agora não adiante ter pago o dízimo,
ter ido à igreja, aceitado Jesus, alimentado um pobre coitado, ter sido homofóbico,
ou mesmo abraçado um “viado”. Ter sido desonesto, ter vendido a alma ao diabo,
ter sentindo compaixão ou mesmo ter sido excomungado. Teu coração encontrou o
lugar desejado. Finalmente somos todos iguais.
O vírus que invade um corpo
não pergunta se tem conversado com a família, se tem amado; ele é tão cruel que
sequer deixa alguém do teu lado. Ele trabalha no silencio, na solidão, e
naquilo que é vital em nós...nos roubando o ar. Como se numa analogia critica
da fé, eu consigo enxergar. Do que preciso? O que tem me feito falta?
Pensar na morte como uma nova
vida tornou-se a mais pura conformidade da esperança. Deus é esse ar! Que nos enche
os pulmões; que nos ensina a respirar; que nos pede tempo, calma, amor...que
nunca nos deixou.
Em uma das suas primeiras
passagens sobre a criação, diz que ele soprou o seu espirito em nós, e assim se
fez a vida. Estranhamente é esse sopro que está nos faltando...AR.
Numa trajetória de renovação,
em que meus pensamentos estranhamente se convence de que após essa guerra generalizada,
viveremos num mundo novo, eu desejo sentir em mim, em nós, todo esse folego de
Deus, para que possamos nos despedir do que já não faz mais sentido nessa terra;
para que a vida se renove com o que de verdade é valido; para que o amanhã
possa parecer o primeiro dia dos nossos melhores dias quando tudo passar...porque
vai passar!
Izângela Feitosa
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