O GÊNIO E O EGO


O gênio e o ego



Quando eu era criança assisti pela primeira vez o filme da Disney Alladim, toda aquela fantasia de castelos, reis, gênios, o bem e o mal, num romance protagonizado por um rapaz pobre e ladrão, que encontra uma princesa presa em seu castelo e suas tradições.

Essa é uma história antiga contada e recontada varias vezes no mundo todo, tanto que ganhou recentemente uma versão moderna cheia de recursos tecnológicos capaz de prender atenção de pessoas de todas as idades. Lembro bem que quando assisti a versão em desenho, o romance foi o que me prendeu. Até hoje tenho um carinho todo especial pela trilha sonora e toda a qualidade emotiva que envolve a história.

Pois bem, estamos agora diante de um novo olhar da mesma história contada exatamente da mesma maneira, mas que agora me revela um outro ponto vista critico e importante...o gênio. E não é porque o personagem foi feito brilhantemente pelo ator Will Smith de quem sou fã, mas também pelo fato de identificar nele algo muito peculiar e tão em moda atualmente, a representação  do EGO.

Vou contar resumidamente como chego nessa parte... (até parece que sei fazer isso!)

Bom, a princesa resolve da uma escapulida pela rua pra conhecer a realidade de seus súditos, e nessa voltinha se depara com um rapaz bem comum, simples, sem família, que costuma viver de “pequenos furtos”, digamos assim. Ele se envolve num suposto golpe para salva-la e a leva para dá um rolê bem perigoso, fugindo da guarda real. Até então os dois estranhos não percebem semelhanças entre os dois, porque não há. Até que o rapaz desconfia da boa aparência da moça e supõe ser ela alguém da corte real, o que ela nega.

Depois disso o rapaz interessado na moça a procura achando ele ser “possível” um romance entre os dois, uma vez que ela é apenas um serviçal.

Já na cabeça dela o que se passa a possibilidade de romper com as regras impostas pelo patriarcado que diz que a moça não pode escolher seu marido, tão pouco poderá ser a líder daquele povo, pois sua condição de mulher limita e impede. Mas ela é teimosa e não aceita as normas sociais atribuídas a ela.

Concordamos nesse ponto que os dois estão conscientes de quem são nesse momento. Cada um com sua personalidade individual, complexa, cheia de suas verdades, de seus EUs. Até que Aladim descobre que Jasmim é princesa, e dessa forma seria impossível “tê-la”.

Metido em mais um dos seus golpes ele encontra uma lâmpada mágica, onde habita um gênio; um ser tão poderoso, capaz de transformá-lo com seus três desejos ilimitados. Não pensando duas vezes ele pede pra ser um príncipe, riquezas, títulos, roupas, toda pompa que a realiza possui, para assim conquistar o coração da princesa, e assim o faz. Ele volta ao castelo dessa vez vestido de uma identidade real, criada para agradar aos conceitos sociais exigidos, e não agrada em nada a princesa, pois ela havia se agradado da essência do rapaz comum, que conseguia olhar o mundo pelos olhos da verdade.

Vestido de ouro e prata, pra esconder seu próprio brilho, Aladim se perde no Ego de ser algo, e deixa de ser alguém.

É isso que o ego faz com a gente. Cria uma casca grossa capaz de esconder a nossa própria essência. O ser egoísta não sabe quem realmente é. Porque não é... ele apenas possui. Possui títulos, objetos, posições, pessoas, dinheiro.

O ser egoísta é tão frágil que se desmonta com a verdade. E ele morre de medo dela.

O gênio é tudo isso.

Ele realiza os desejos, mas não esconde a fragilidade. Ele obedece ao ter, mas sabe o mal que isso faz. Afinal ele (gênio), tem todo o poder do mundo, mas vive solitário, aprisionado nos desejos irrealizáveis, concordando e vivendo sob regras de outros. Isso é o ego.

O ego te faz acreditar que você precisa do melhor, nem que para isso você tenha que prejudicar alguém. Que você vem sempre em primeiro, não importa a ordem. Que a sua beleza, nome, posição social, são condições de superioridade. Te faz querer sempre mais, sem olhar o outro. Te limita a acreditar que sem o ter somos nada, quando na verdade é exatamente o contrário.

Estamos sempre diante desse gênio da lâmpada. Expostos diariamente a esse confronto de prazer sem medida, querendo sempre mais. Apostando todas as fichas, achando que jamais vamos perder. E já perdemos!

Perdemos a dignidade, a identidade, a compostura, o bom senso, a lucidez!

Perdemos a empatia, a solidariedade, as amizades, o tempo... a vida tentando parecer alguém que não somos.

Perdemos tudo que realmente vale a pena ser, por fantasias passageiras de só parecer.

Parece louco, irreal, mas não é não; é totalmente natural.

Esse confronto é diário, fantástico e dolorido. Revirar gavetas de quem eu sou. Admito não me orgulho muito do que vejo nesse meu cenário real. Há em mim máscaras sociais bem ridículas e eu sei que preciso muda-las.

 Esse gênio que morra em mim, entende que é preciso perder tudo pra se achar, pois o ego não respira aonde o amor está.

Izangela Feitosa


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