Uma história cheia de Graça.

Essa é uma historia cheia de Graça.

Que tem nome e alma de Nossa Senhora das Graças.

Filha de Raimundo Gomes e Luiza Iracilda Silva, nascida aos 06 de Outubro de 1949 em São Paulo – Maira das Graças Silva Gomes surgiu para o mundo como uma celebração da graça de amor daquele casal. Aquela menininha franzina e pouquinha mal sabia quanta graça traria para vida daquela família.

Ela não é guerreira à toa, desde muito cedo se fez companheira de sua mãe nas enumeras trajetórias de sua família. Renato, seu pai já viúvo, casou-se com Iracilda pra recomeçar e Filha primeira daquela união, aprendeu como poucas a ser irmão.

Com apenas três anos de idade foi residir em Catarina, no distrito de São Gonçalo, onde se juntou aos irmãos mais velhos e as irmãs Amelia e Gerismar. De lá também moraram em Mombaça e no Pará, de onde vem até hoje seu gosto pelos sabores regionais de açaí, antes mesmo de existir por aqui, já era bom gosto em seu paladar.

Esse tino andarilho de seu pai não era por elas muito agraciado, foram enumeras mudanças, construindo e desconstruindo historias, tanto que elas ansiavam por um porto seguro. Acopiara foi esse lugar, foi no maxixeiro sitio dos avós maternos que encontrou graça em voltar.

Lá fincou raiz, fortaleceram laços, liberdade, obediência, respeito e dignidade fundiram sua personalidade.

Desde bem pequena tinha opinião, criava sonhos, e chamava atenção com sua criatividade. Das mulheres fortes e batalhadoras herdou a boa educação.

É verdade que desde cedo desenvolveu a graça da arte, contam que era costume de se reunir com os primos e amigos nas enormes mesas do alpendre da casa da avó e criar dramas, com falas, musica e dança. Coisas de infância saudável de tempos sem internet.

Educação sempre foi prioridade pra sua mãe, marca essa que a leva por toda sua vida. No tempo em que estudar era herança que se deixava como privilegio a quem podia, ela teve a graça do conhecimento na escola Padre João Antônio e logo após no Ginásio Monsenhor Coelho, onde também conheceu seu amado.

E se ela tem nome de santa, ele encontrou o seu par, foi Santo Expedito, o santo dos impossíveis que fez a Graça encontrar.

Conta a historia que esse encontro tem um Q de destino foi simpatia de São João, que fez aparecer no fogo da fogueira o nome de sua paixão, e juntou Hélio e Graça.

Ela conta que os dois se encontravam na escola, que os lanches sob os olhares de Maria Militão tinham outros temperos, e que até Agnaldo Timóteo temperou esse enredo, com “A casa dos meus Sonhos”, musica do momento que embalavam os primeiros beijos.

Namoro comportado que durou 10 anos, com o aval das famílias foram caminhando. O moço pretendido tinha fama, mas não era de conquistador não, era de artista, pois tocava na banda sucesso do momento da cidade, e todas as vezes que ela adentrava o salão, ele dava um jeito de tocar pra ela aquela musica que mexia com seu coração...” Feche os olhos e sinta , um beijinho agora, de alguém que não vive sem você!”.

É amor não há duvidas, estão ai pra contar, mesmo com tantas diferenças souberam aproveitar tudo pra amar cada dia mais. A graça desse amor deu frutos e então formaram família, três filhos e 4 netos dando continuidade a essa historia que mistura, arte, educação, amor, musica e  muitas historias. Cybelle, Cynara e Helinho trazem em seu DNA, muito mais que a graça de filhos, um legado a continuar.

Falar de Graça sem falar da escola não tem graça alguma. Logo que foi estudar magistério em Iguatu, no colégio São José, descobriu o dom de educar, e por essa graça foi mordida e nunca pode largar. Foi convidada por Rosielba para lecionar na educação infantil do Hugo de Gouveia, logo em seguida com a mudança de gestão Rosielba teva a ideia de criar uma escola de educação infantil, e em 1973 elas juntas fundaram o Instituto Coelhinho. No inicio as duas foram porta a porta oferecer a nova proposta de ensino, que logo ganhou seus primeiros alunos. A primeira mobília foi emprestada, de dona Maria Alves, mas o amor sempre foi marca registrado. É indiscutível que o Instituto Coelhinho é parte dela, grande parte, até. Nasceu assim a tia Graça, do Instituto Coelhinho, e É impossível separar os dois.

Mas agora vamos falar da graça de tê-la em nossa companhia, afinal são 70 anos de muitas alegrias. Vamos fazer graça com Graça, porque ela também é muito engraçada.

Ela é dessas que mistura tudo, que só fala cutucando, que não presta atenção ao que você fala, mas presta atenção a tudo que você não diz a ela.

Que conhece todo mundo e todos os lugares. Têm tantos afilhados quem nem pode contar. Que detesta cream-craque, que só come com feijão. Que gosta de rapadura preta e carne bem passada. Detesta cozinhar e afazeres domésticos.

Que não canta uma musica inteira ou correta. Que adora um happy all’s. Que é fã de um bom vinho. Vidrada em novelas. Que confunde os artistas. Que só anda de salto alto. Que não aceita chantagem. Que detesta discriminação. Que enfrenta até ladrão.

Que tem um senso de moral aguçado, mas não gosta de hipocrisia. Que faz questão de tudo limpo e arrumado. Que dirige com o queixo quase no volante, que sempre perdes as chaves e o celular. É a rainha da ré, que não tem hora pra chegar, e nem pra voltar.

Que não te deixa sem presente da festa da escola, só porque você é parente. Que te coloca pra dançar com os colegas que ninguém quer. Que te usa de exemplo pra tudo ( seja bom ou seja mal). Que dispensa mensalidades, que doa os livros do ano. Que faz ruas de recreio, brincadeiras e competições. Que te leva para as melhore excursões.

Que te abraça quando precisa, que briga quando é necessário. Que te dá remédio de mentira. Que cura teus machucados. Que te leva pra casa. Que escuta teus desejos. Que produz Sandy e Junior. Que te faz cantar nas missas. Que te acorda de madrugada pra fazer serenata. Que te obriga a rezar.

Que corre atrás do trio elétrico, que adora carnaval, São João e Natal. Que por tudo faz festa. Que tira o juízo do Hélio, e também o enche de amor.

Que detesta coisa pouca. Que só dar o que tem de melhor, que adora uma campanha politica, que se preocupa com o social, que junta amizades, que aproveita todo tipo de sucata, que celebra a família, que é mãe, mulher, esposa, avó, professora e amiga. Que ama sem medida.

Ela é capaz de enxergar o potencial de tudo e de todos, mesmo o que não parece ser. Incentiva com carinho tudo que alguém quiser ser. Filantropa, patrocinadora, ela não quer saber... se tocou seu coração vale a pena.

Foi ela quem incentivou a cada um dos filhos a seguirem seus caminhos. Deu apoio, e com fé e firmeza foi capaz dos sacrifícios de enfrentar a saudade, a tristeza, restrições, para ter a graça de formar cada um deles.

A nossa tia Graça tem um pouco de cada um que por ela passou, ela é tão cheia de graça que sua graça se espalhou, são 70 anos de vida agregados ao amor e dedicação. Cada aluno, professor, amigo que teve a graça de na sua vida encontrar Tia Graça sabe do que estamos falando.

Maria das Graças – Tia Graça, hoje celebrar a graça da sua vida é a maior de todas as graças que Deus poderia nos dá.

Parabéns!!

Izângela Feitosa