Vaidade



O que eu vejo no outro é uma parte de mim? Como classificar alguém vaidoso? Qual a dimensão da vaidade na vida de alguém?

Em tempos de excessos de exposição, cabe fazermos um questionamento sério a respeito. Até onde a vaidade me faz bem? Vimos a todo instante inúmeras pessoas se matando pra ter um corpo perfeito, passam fome, tomam medicamentos, gastam fortunas com procedimentos estéticos, e por ai vai...por um ideal de beleza desenhado sei lá por quem, mas que o mundo resolveu tomar como base de padrão do que é belo. Doentio e perverso.

Não sei vocês, mas eu quando encontro uma mulher bonita, mas bonita mesmo, de alma, dessas que só um sorriso faz iluminar o dia, sabe? Que faz todos os olhos olharem em sua direção, fixados!  Dona de uma beleza própria, sem rascunhos, ou copias predefinidas. Aí eu percebo que em minhas lembranças, nas minhas contas, essas mulheres estão totalmente fora do padrão estabelecido pelo que se exige no mundo, sobretudo das mídias visuais.

 Essa não é uma troca válida por essas mulheres. Fora do contexto sacrificoso de perder a saúde pra ter a beleza, elas esbanjam feminilidade autentica. Sejam elas mulheres biológicas, ou mesmo a representação do seu próprio feminino.

 Há nelas uma beleza, uma vaidade que nasce de uma relação delas, com elas, e para elas. Não importa se é permitido ou não pela moda, elas usam a vaidade em prol de si mesmas e si agradam.

Suas belezas estão em gestos, atitudes, educação, delicadeza, bom senso e criatividade. A vaidade dessas mulheres foi alicerçada de dentro pra fora. Cuidando do que descobriram de melhor. Não é injetável, não se compra em farmácia, ou se faz em mesas cirúrgicas. Algo invejável e admirável, aos olhos quem sabe ver além da casca.

Há vaidades que te colocam a exposição daquilo que agrada unicamente aos outros. Isso me incomoda. Modelos repetitivos de fórmulas criadas para vender. Isso mesmo, vender. Inclusive a alma de quem se perde em vaidades consumistas, preocupados demais com a aparência, escondendo uma tristeza profunda de quem perdeu a noção de quem comanda o que, pois sou eu quem escolhe a roupa e não o contrário.

Sou eu quem dita o que eu quero ou devo usar. Porque quem escolhe o biquíni sou eu. Porque todo mundo que tem um corpo pode usá-lo.

De quem eu quero atenção? Será que a minha própria opinião não basta pra que eu me sinta verdadeiramente bonita? Será que a beleza tem mesmo um espaço tão grande na minha vida, capaz de dizer quem eu sou?

Eu sou bonita pra mim! Sim, porque vai sempre haver alguém insatisfeito comigo, por “n” motivos. Mas como eu estou? Como eu me vejo é o que realmente importa. Que avaliação eu faço da minha própria vaidade?

Quando o que mais importa é chamar atenção do outro, se perde o interesse próprio. Talvez não seja a beleza que mereça atenção. Talvez seja tudo que está precisando de cuidado aí dentro. Esse tudo que nenhuma plástica, procedimento ou maquiagem alcança. Todo excesso esconde a falta de algo, e é preciso encontrar onde essa vaidade quer se mostrar. Rostos e corpos bonitos precisam necessariamente de uma alma bela, se não de nada adianta todo o investimento vaidoso, pois essa morada é passageira, e o tempo nos lembra disso o tempo todo.



Izângela Feitosa

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