Simplismente Ele
Mais um domingo de sol,
mais um dia dos pais. Mais um dia de celebrar a vida, dos que ainda os tem é
dos que não mais.
Os domingos pra mim
possuem um gosto de pai, arrisco dizer que esse seja o dia preferido do meu.
Desde bem pequena era ao
som das musicas tocadas no rádio que nos acordávamos, o bom dia saudade traziam
em sua história, as musicas preferidas dele e que eu aprendi de co cada uma
delas. Musicas cheias de significados carregadas de emoção, Roberto Carlos,
Jorge Aragão, Clara Nunes, Nelson Goncalves, Luiz Gonzaga, samba canção.
Papai sempre gostou de
música, música boa. Enquanto se dedicava a cuidar de si, fazendo a barba ele
cantarolava por horas suas canções preferidas.
Esse ritual avisava que
logo após haveríamos de com ele todos juntos iríamos passear. Em seu carrinho
zelado a gosto, ele juntava ali nós quatro,mamãe e um monte de boas energias
pra passarmos o dia em sua companhia.
Quantas vezes fizemos
isso?! Ao final de dia enfadado dos açudes, voltávamos pra casa sua
companhia. O domingo pra nós era o dia da família.
Com o tempo fomos
crescendo e as coisas foram mudando, cada um pra um lado, o mundo girando, nos
separou dos domingos.
Gosto de lembrar papai
pelas coisas que temos em comum, pois eu demorei muito a perceber o quanto dele
há em mim.
Minha autoridade de
filha, que eu achava ser válida, me separou por muito tempo do melhor que ele
tinha pra mim, seu amor.
Certas dos meus
parâmetros eu realmente acreditei que pudesse cobra-lo pelo que eu não
entendia, minha verdade parecia tão absoluta que se quer lhe deu o direito de
me explicar, eu fui perdendo aquela sintonia que havia entre nós, pela
arrogância de achar que ele não tinha direito de errar.
Quanta tristeza!
Esqueci que ele é apenas
um homem tentando acertar.
Essa lacuna que eu criei
entre nós, foi aos poucos nos afastando do carinho, do gesto, da benção, de ser
pai. Tanto que criei uma espécie de resistência à figura de pai, até mesmo com
Deus. Havia em mim uma relação vaga de fé, por não entender o amor de Deus, o
amor de pai. O pai nosso pra mim parecia apenas frases soltas, ditas em
repetição sem muito sentido, por que em meu coração aquele espaço de pai era
vago, sem expressão. E os domingos tinham outra atenção!
A caminhada da vida nos
permite rever muita coisa, e num momento duro da minha vida eu precisei rever
isso. Algo que me machucava profundamente, mas que eu já havia consciência de
que se tratava de uma quebra feita por mim. Então era eu que precisava concertar.
Esse elo quebrado não é
fácil de juntar. Demanda tempo, renúncia, humildade e dedicação.
Ainda não chegamos ao
ponto, mas estamos em construção.
Descobrir o que tenho
dentro de mim que me aproxima dele, é uma forma de pertence. Entender minhas
fragilidades como humana é também perdoar. Perceber suas qualidades muito mais
do que defeitos é aceitá-lo e agradecer por sua vida é amá-lo, como ele merece
ser.
Ninguém é perfeito.
Estamos sempre em evolução.
Nossos erros não apagam
o afeto, o amor não deve ser discutido diante de atitudes tomadas em situações
adversas. Pois ele sempre fica. Sempre vai ficar!
Talvez papai nem saiba,
mas sou muito grata a todas as lições que ele me deu. Talvez ele nem tenha
noção dessas lições! Talvez nem se dê conta do quanto tenho aprendido com sua
vida, sua humildade, paciência, resiliência e amizade.
Talvez ele sem saiba o
quanto é amado. Talvez nem saiba o quanto é grande em sentimentos. Talvez não
saiba o quanto eu oro por sua vida. Talvez ele não se de conta do quanto é ,
forte, íntegro, honesto,leal e humano.
Talvez ele posso ser apenas ele. Simplesmente ele ... E tá tudo
certo!
Izângela Feitosa
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