ADAPTAR-SE

ADAPTAR-SE

 

 

A gente se adapta a tudo!

Estava aqui revirando-nos meus arquivos de memória própria, lembrando do quanto já fui me adaptando às situações. Nessa minha caminhada de vida certas mudanças me fizeram descobrir, uma mulher muito mais interessante do que eu um dia sonhei ser. Me adaptado as pessoas, ao tempo, aos quereres e não querer.

Lembro do tempo em que eu tudo que eu tinha de mais concreto eram as possibilidades. Meus sonhos eram a melhor forma de dizer que eu caminharia em frente, em busca de coisas que hoje já não fazem mais o menor sentido. Nessa época a felicidade se desenhava numa boa risada ao final das tardes de domingo, assistindo o Domingão do Faustão, comendo um pastel carregado de muita coisa nadinha saudável. Eu não tinha muito, mas o suficiente pra acreditar que era assim a felicidade. Sentia que havia muito tempo, e que eu teria tempo pra cumprir com tifoso planos que eu havia feito.

Não escondo de ninguém que em minhas adaptações, escolhi viver bastante tempo o papel de mãe. Foram 10 anos no exercício exclusivo da vida doméstica; eu não escolhi, tudo foi acontecendo sem pedir minha opinião, mas naquele momento, digo hoje, não lamento, foram anos de muita dedicação me adaptando às novas construções de mim, em contextos de responsabilidades que me fizeram entender tantas coisas, boas e ruins, funções acumuladas que sinceramente, só entende quem tem que passar pela coisa. Filha pequena, casa alugada, móveis usados (e muito usados), quase nada de dinheiro, e muito trabalho. Mas já era um avanço pra alguém que passou a adolescência usando da criatividade pra andar na moda, fazendo acontecer de um jeito próprio, roupa herdada e customizada eram a minha marca registrado. Assim como o famoso all star amarelo de cano longo, que por quase 6 anos foi meu companheiro fiel e indispensável nas muitas alegrias que vive a época.

Tive tempo de acordar muito cedo, e de dormir tão cansada, que a noite mal parecia existir.

Tempo de aprender a cozinhar de tudo um pouco. Tempo de estudar já tarde. Tempo de sonhar com um mundo totalmente diferente do que hoje vivo. De sonhar com um marido; Tempo de me iludir com o dinheiro e de sofrer por não o ter. De reclamar sem sentido, de comprar muitos vestidos e de não os usar. De querer um amor, de chorar de saudade. De desejar até morrer. Tempo de imitar artistas, de dançar nas festas. De jogar bola e andar de bicicleta. Tempo de ser magra!! De sonhar com fama, de ganhar na loteria; E fazer planos com o dinheiro do prêmio.

Já tive tempo de vários cabelos. De sofrer por amor. De sorri, de cantar, de dúvidas, e de testemunhar.

Já tive um pouco mais de dinheiro. Já tive um pouco menos também! Já me senti perdida. Já pensei ter me encontrado; já me meti em brigas! Tempo de viver de mentiras e de escolher as verdades.

Me adaptei a cada fase sem perceber. Sem ter tempo a perder, sem titubear. Mas agora entro novamente em uma realidade diferente, tudo que já vivi foi especial eu reconheço todas essas mudanças, como algo natural, pois precisei de todas as adaptações pra chegar aqui. Quem bom!! Passou ... já foi!!

Agora preciso me adaptar novamente ao que vem por aí. Mais uma vez é duvidoso. Mas dessa vez talvez eu já esteja adaptada a me adaptar. Porque eu já tive tempo de achar que vida boa é a dos outros. Hoje eu sei que é mesmo!! Porque a minha é maravilhosa.

 

Izangela Feitosa



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