Natal Estranho

NATAL ESTRANHO

 

         

Me sinto estranha!

Estranhamento tão normal, que quase não percebi tamanha estranheza.

A rapidez dos dias talvez tenha me pego de surpresa. A velocidade do tempo que eu não consigo mais acompanhar. Há em mim um cronometro descompassado entre horas, tempo e lugar.

A proximidade do advento, o cheiro natural de Natal que agora já não tem mais um cheiro tão especial. Talvez porque os anos foram transformando tantas as emoções que se alinhavam a essa época. A união, a alegria dos encontros, a troca de presente, a roupa nova, o amor em família, mas sobretudo o amor. Poder olhar com mais humanidade para as pessoas, poder exercitar um pouco dessa natureza de sentir e se deixar pelo menos uma vez por ano ser tocado pela simplicidade de servir. Servir com palavras, com gestos e principalmente com ações que pra alguns pode ser a coisa mais esperada durante todo o ano.

Sou de uma geração que esperava o Natal pra vestir a única roupa nova do ano. Lembro bem que minha mãe produzia nossas roupas com capricho. Comprava meias e sapatos novos, maiores que os pés, por quedara tinham que acompanhar o crescimento dos pés o ano todo. Assim como os vestidos que eram feitos com folgas de panos, para serem ajustados nesse percurso. Era tudo tão restrito, que quando muito tínhamos um brinquedo, esperando ansiosamente na noite de Natal. Quando passávamos a noite entre dormir e acordar pra ver quando papai Noel passaria por lá. Era a magia do amor com pouco que nos fazia ter muito.

Uma mesa farta de muita comida boa. Era uma noite o de estávamos todos reunidos em volta de um mesmo sentimento. Íamos à missa a meia noite e só depois daquela oração nossos pais nos abençoava com um feliz natal que tinha um significado muito importante. Estávamos ali preparados pra mais um ano de partilha, com o renascer de Jesus.

Eu sou tão abençoada que nasci nessa época. Às vezes acho que meu nome poderia ter sido Natália... rsrsr. Mas o mais engraçado é que só vim me dá conta dessa graça há pouco tempo. Porque que vantagem eu teria em receber apenas um presente, porque era assim. Um presente para as duas ocasiões. Mas agora adulta e estranha percebo o quanto minha vida já foi desenhada nessa graça de compartilhar com Jesus o Natal. O nascimento de um novo sentimento.

Esse ano eu não estou preocupada com a roupa nova, nem com os sapatos, tão pouco se terei presentes. Meu pensamento agora está voltado no melhor presente que eu já ganhei durante toda essa minha história, estou preocupada no que posso fazer nascer em mim, e quem sabe tocar também em você!?

Esse Natal estranhamente estou preocupada com o quanto de bom Deus ainda pode me abençoar. E não só a mim, mas todos aqueles que amo e até os que apenas precisam do nosso amor.

Que nesse Natal estranho, esse sentimento que eu percebo de frieza entre as pessoas possa ser transformada em fogo do espírito. Tocando o máximo de corações possíveis, porque quando nos unimos em amor, ele transborda. Faz multiplicar tudo de bom!

Estranhamente me vestir de novo (de roupa nova), não me interessa. Tenho roupas o suficiente pra agradecer a Deus por isso.

Estranhamente vou me vestir de amor, e deixar que ele possa me encontrar. Certamente me encontrará linda! E não se importará com o que estou vestindo. Porque quem enxerga com o coração ver beleza onde quase ninguém reconhece.

Gratidão!!

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