DIAMANTE




Não pelo brilho, mas por grandeza, eu me sinto um diamante ainda que você não veja.
A história da criação de um diamante é absurdamente cheia de grandes adversidades. Basta saber que aquele material duro, carvão, aparentemente sem valor algum em seu estado principal, no decorrer dos anos se tornou uma pedra de brilho ainda escondido, enfrentando as muitas mazelas que a natureza o impôs, sem ao menos perguntar se suportaria. Aquele material rude até por sua própria essência, é de uma fortaleza absurda, resiste incansavelmente ao processo de mudança, sendo trabalhado manualmente e insistentemente para ser brilho intenso, mais que valioso valoroso processo de transformação.
 Há duas formas de cortar o diamante bruto: na clivagem, o método mais comum, o diamante é partido com um rápido golpe. Em algumas pedras, porém, essa técnica não funciona. Usa-se, então, a serragem, processo longo e tedioso, feito com uma serra elétrica rotatória ou, mais recentemente, com raios laser. Depois do corte, vem à etapa do bloqueamento, em que o diamante é raspado em outro até que se aproxime do formato desejado. As facetas são feitas na etapa seguinte, chamada de abrilhantamento. A pedra é encaixada na ponta de uma vareta chamada dop e pressionada contra um disco giratório forrado de pó de diamante. Em geral, os brilhantes pequenos são lapidados em um único dia. Já nas pedras grandes (acima de 20 gramas) esse trabalho pode levar até mais de um ano!
Quando li a respeito desse processo cheguei à conclusão mais que imediata de como somos parecidos aos diamantes. Pedras, brutas e na nossa insistente resistência a sermos lapidados. A vida nada mais é do que um lapidário, onde a todo o momento estamos vivenciando esse crescer, muitas vezes até sem perceber. Deixando ser conduzido de forma arbitraria e inconsciente ao formato de ser pedra brilhante... Linda... Invejável... Desejável... Referencia.
Nesse mágico e doloroso caminho de transformação, como num golpe só somos talhados em pedaços para nos moldarmos de uma forma mais condizente com o que de verdade somos. Cada faceta que se constrói em nós tem sua carga de trabalho detalhado de tudo àquilo que vamos escolhendo ser. As escolhas são condução desse transformar, que podem nos fazer brilhar em tempos diferentes. Há quem se conforme em apenas ser brilhante. Mas eu escolhi ser pedra preciosa... Diamante! Por isso meu processo não tem data pra se encerrar. Cada nova condução de clivagem que certamente dói em mim, trás agora um prazer de saber que passando por aquilo é onde eu vou ser conduzido ao brilho maior. Por que sei, assim como os diamantes sabem, que ainda pedra bruta minha essência abrigava um valor, não visto, mas sentido no intimo. Eu vivo isso. Aceitei as dores como um passo de preparação para o que vem depois, para o melhor. Sem medo de ser quebrado eu permiti passar por um processo que vem do endurecimento ao entendimento das coisas com leveza, vivendo em paz. Essa é minha riqueza!
Izângela Feitosa

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