Beijos

BEIJOS

 

 

 

O beijo é um ato de entrega e intimidade, considerado por pesquisadores como o ponto de partida entre relações de afeto. Ele pode ser entendido claramente como o termômetro para as relações.

A partir desse conceito e baseados em suposições percebidas por mim, analiso que de fato o beijo se enquadra dentro de um dos manifestos mais íntegros de verdade com o outro. Pois é a primeira forma de intimidade explicita entre duas pessoas que se propõem a experimentar algo novo.  Os primeiros beijos das nossas vidas são regados de expectativas e descobertas, que nos proporcionam um pouco de adrenalina, pois de forma aventureira a gente vai adentrando no campo de limitação antes não explorado, por não permissão. O beijo faz isso. Apresenta a permissão para desbravar a partir dali sentidos e sentimentos. Uma mistura de quase nada com muita coisa, que pode gerar ali uma construção ou não, de histórias arquitetadas naquele pequeno encontro que envolve duas bocas e tantos outros sentidos.

Acredito que todo mundo já deve ter tido experiências e experiências... Uns bons, outros nem tanto, mas a bem da verdade o beijo deixa sua marca, até os medianos, aqueles que na maioria das vezes são os esquecidos no decorrer das nossas vidas, pois esses não expressaram significância. Lembro bem de quando adolescente que queria muito beijar um garoto que eu morria de amores por ele, achava ele lindo. E ele de fato era! Certa vez fizemos, minhas amigas e eu, um jeito de fazer isso acontecer e der repente estávamos nos sentados um do lado do outro, as mãos suadas, rostos corados de vergonha, cheios de vontade e sem saber por onde começar. Começamos de um jeito muito estranho. Foi um horror! Depois daquilo, lembro-me de nunca mais conseguir olhar na cara desse rapaz de tanta vergonha, e talvez nem só por isso, porque a minha decepção com aquele beijo me rendeu uns anos a frente á espera de corrigir tal trauma. Mas enfim... Passou. E quando passou, foi quando eu senti através dos lábios todo o meu corpo queimar num prazer contagiante, que me impulsionava a querer mais e mais. (E eu ainda quero até hoje!) Essa sensação é tão maravilhosa que não sei vocês, pois falo por mim, que eu me tornei uma defensora incansável dos beijos. E procuro dar a esses um cuidado todo especial. Pois se formos pensar, todo o desejo nasce ali naquele momento de entrega, onde os espaços se fundem e a gente permite ser explorada intimamente por outro. O beijo investiga muito. Pode ser um aliado maravilhoso nas relações duradouras. Através dele percebemos como o outro se comporta afetivamente. Por isso eu não acredito em amores duráveis onde não habita os beijos. Nem em beijos sem atitudes, aqueles que se encostam os lábios e não se abre a boca. Onde se procura demonstrar um sentimento já morto, pois os lábios são vivos o suficiente para entender quando o sentimento morreu.

O beijo ele tem que vir de dentro, impulsionado pelo querer, quando o encontro de dois culmina num estado de bem querer, que mesmo aqueles singelos deixam transparecer todo afeto envolvido. Um beijo na mão, na testa... No pescoço, bochechas. Enfim onde seu desejo ordenar. Toda forma de expressão é válida, desde que permitido.

Conheço casais que vivem há anos um casamento e que nunca perderam o hábito de se beijar, mesmo que com a sutileza que a maturidade lhes dá, essa ainda é uma prática valorizada dentro do contexto de expressar respeito e dedicação ao ser amado. Acho lindo! Gosto de beijo. Exerço sempre que posso, com minha mãe, com minha filha, amigos, todas as pessoas que tenho por afeto. Acho valoroso e de uma representatividade honesta. Por isso não beijo qualquer pessoa. Nem quero ser beijado de qualquer jeito. Os beijos carregam sentimentos. Sentimentos que em mim são medidos por esse termômetro, que falam muito mais do que palavras.

Izângela Feitosa


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