O poder do elogio ( o vestido azul)



O PODER DO ELOGIO

(O VESTIDO AZUL)

 

 

 

Outro dia estava eu a trocar mensagens com um amigo, que, aliás, sempre conversamos, porque ele é daqueles amigos que conseguem discutir diversos assuntos sem ter uma opinião pré-formada. Ele lança as questões e a gente fica às vezes horas, debatendo sobre assuntos que vão desde sexualidade e comportamento, a política, economia, educação... Enfim a conversa flui. E flui de um jeito gostoso, porque ele gentilmente mesmo discordando da minha opinião sempre tem um elogio a me fazer, as vezes até fora do contexto, do que eu de certa forma, qualificaria ou exaltaria, mesmo que não concorde tanto assim.

Pois bem, num dia desses, ele puxou conversa comigo sobre um vestido que eu havia usado, um vestido azul. E me disse que naquele vestido eu estava uma coisa de linda. Claro que além de agradecer eu gostei demais de ouvir isso, afinal quem não gosta de receber elogios? Mas eu agradeci educadamente e como é de costume me coloquei “n” defeitos.

 Por que a gente faz isso? Por que a gente não pode simplesmente aceitar um elogio e entender que essa é a opinião do outro naquele momento sobre o que enxerga de nós? Por que a gente não pode de verdade acreditar em toda virtude ou toda beleza que sabemos possuir? Por que não se deixar viver isso?

E foi aí que ele usou uma frase que me implicou ainda mais: “Ah, se você pudesse se ver pelos meus olhos”! Talvez pudesse perceber tanta coisa linda que eu consigo ver através do que só o físico não pode revelar. Porque você é ainda mais linda, além do que se pode ver.

Depois de ler, caí num silencio comigo mesma, e comecei a avaliar o poder desse elogio. Como pode ser grandioso ouvir as coisas boas. Como isso pode transformar dentro de nós, juntar pedaços, curar... Fazer um reboliço necessário e maravilhoso. Porque, cada um tem a total noção de quem é de verdade e sabe inteiramente o quão é valioso, o que no seu íntimo pode e deve ser mudado, e que precisa efetivamente ser potencializado. Porque não há o feio. A beleza ela mora na alma, habita em espaços muito além do que um corpo pode mostrar. Mas é claro que devemos sim cuidar desse habitar que guarda tão bem toda essa essência maravilhosa, tão bem construída por Deus. Zelar pelo corpo é se comprometer consigo por amor, ajudando o tempo a extrair de nós o máximo dessa beleza, que com os anos vai adquirindo outro significado. Maturidade. Essa que te faz entender que não é preciso ter um metro e oitenta e pesar cinquenta e cinco quilos pra ser bela. Porque você já sabe que mesmo com um metro e meio, seu sorriso pode guardar muito mais beleza. Porque tua alma está livre. Porque teu coração guarda coisas boas. Porque aquilo que tu fazes regado de amor pode render muito mais do que um elogio.

Realmente é difícil não deixar que a rotina de lutas nos endureça, ou mesmo que até acreditemos que não somos importantes o suficiente, ou que não merecemos um elogio. Diminuindo-nos, introduzindo dentro de nós uma crença de negatividade que na verdade só atrai coisas ruins.     

O elogio, aquele que você sente vir da generosidade do outro em perceber com clareza o que entende de você, pode e deve ser praticado muito. Ele faz a diferença no dia de alguém, pode ser exatamente o tempero completo para o momento ideal. Ele não diminui quem o pratica, mas enaltece quem o acolhe. Muda o íntimo da percepção sobre nós mesmo e atrai boas energias.

Então depois dessa reflexão aplicada a mim mesma, eu resolvi praticar mais o elogio sincero, sempre que achar viável, e também de aceitá-lo como um bônus de afeto dispensado por e para os outros nas pequenas coisas. Carinhosamente, como uma mãe enaltece uma tarefinha do filho na pré-escola. Ou como um namorado que fica sem palavras ao ver sua amada. Ou como um atleta que chegou ao pódio.  Afinal de contas quem não gosta de receber um elogio?

 

Izângela Feitosa


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