SER MULHER

SER MULHER

 

 

Ser mulher em todo tempo tem um peso, uma responsabilidade e certo charme. Se identificar com o feminino trás particularidades que só nós mulheres sabemos ou podemos designar.

Logo bem cedo aprendemos que somos frágeis, e que de alguma maneira temos que encontrar alguém para fazer em nossa defesa o papel que naturalmente a vida nos dar. Sim, a vida! Nossos pais projetam em nós um desejo de não poder por si só sermos completas. Como se a mulher realmente fosse uma parte (costela) de um homem. E que só estaria completa quando ali voltasse a encontrar a parte daquele todo. Crescemos nessa ilusão, de príncipe, de amor eterno, de vida compartilhada e dedicada àqueles que serão para sempre nossos donos e senhores. Engano... Por muito tempo também sonhei assim. Vivi assim. E descobri por mim mesma, a dura forma de ser mulher em sua mais forte representação e essência. Sem tempo a perder, em busca daquilo que outros querem que eu seja. Eu sou mulher. E entender isso me fez reconceituar toda minha história. Perder as molestas que me aprisionavam a limitação de ter um homem ao meu lado, me ensinou de verdade o que é ser mulher.

Quando uma mulher entende o seu lugar nessa sociedade que impõe limites ao nosso ser, ela também descobre que ser apenas uma, não basta. Ela precisa ser a mulher sempre arrumada, feminina, sex, cheirosa, atraente, delicada; mas também precisa ser, a mãe, a esposa, a trabalhadora, a responsável; aquela que soma tantos papéis e que muitas vezes, nem sabe ao certo onde começa e onde termina essa condição. Não dá tempo! Não temos tempo de ser mulher inteiramente.

A mesma sociedade que nós abraçamos com tantas responsabilidades, também exige de nós cada vez mais resultados, colocando-nos numa competição diária conosco e contra o mundo. Onde abrir mão de alguns papéis também nos agride. Por que não posso escolher? Por que eu tenho que me casar? Ter filhos... Ser bem-sucedida. Corresponder ao estereótipo da mulher perfeita? Espera aí... Eu sou o que eu quiser! Visto o que eu quiser. Relaciono-me ou busco as relações que eu quiser. Sem ter medo de sair às ruas, e ser julgado pelo que as pessoas supõem que eu sou. 

Ser mulher é, sobretudo viver em conflitos. De idade, de respeito, de questões que a maioria dos homens sequer sabe que existe.

Não dá pra abandonar aquilo que eu verdadeiramente sou, e nem quero!  E acho que mesmo que pudesse, assim ainda não o faria. Sou feliz com a mulher que sou.

Eu realmente não cultivei alguns dos sonhos que estão ligados ao ser mulher. Eu nunca quis entrar numa igreja, toda vestida de noiva. Nunca sonhei com um barrigão. Mas me senti muito, mas muito feliz quando me vi mãe. Ali eu me senti mulher perfeita e absolutamente inteira.

Assim como também em outras situações eu desejei não ser mulher. Preconceito, violência, submissão, dependência, tantas lutas.

Digo isso, e vocês sabem bem, que em algum momento a gente preferiria não ser tão sensível, não se envolver com sentimentos, evitar assim sofrer. Mas também sabemos que não é bem assim. Ser mulher tem sua dor e beleza. Nossas “fraquezas” ainda são mais fortes.

Com a mesma facilidade que eu sorrio, eu choro se assim for tocada. Minha alma feminina entende de dores e amores melhor do que qualquer outra.

Eu torço pelo bem. Identifico-me com o sonhar. Sou capaz de projetar em imagens desejos que só nós mulheres somos capazes de sonhar. Meu corpo fala por si. Tem formas invejáveis; tons de delicadeza na voz que acalenta com doçura e cura apenas com o cuidar.

Nossas mãos encontram caminhos para deixar em toque ainda mais perfeito o acalentar. No balanço dessa desordem de encanto, ser mulher, cria-se estradas que direcionam e ensinam com destreza a mais linda forma de amar.

Eu amo ser mulher. Sou orgulhosa do que sou. Feliz por poder sair à rua usando um vestido, um batom vermelho e cabelos soltos. De cabeça erguida, por ter minha história pautada nas lutas de muitas outras que me ensinaram, me incentivaram e guiaram o meu caminhar.

Ser mulher pra mim é dadiva. Graça divina. Resposta da mais perfeita obra de Deus.

 

Izângela Feitosa