Legitima Defesa
Legítima Defesa Izângela Feitosa Ela se recolheu em silêncio Havia fechado o caixão O velório havia sido difícil Choro e flores pelo chão Dias depois se deparou com a verdade Lhe coube a alcunha de homicida Quando assumiu em alarde A dor daquela partida Não negou a si mesma Apenas se defendeu Silenciou num só golpe O amor que a vida lhe deu Matou em legítima defesa Aquele que julgou perfeito Foi um grito sem promessa Foi um tiro no próprio peito Sonhos Promessas Desejos Ficaram pra trás Precisou ser forte o bastante Pra dizer nunca mais Juntou seus pedaços Se refez Chorou noites seguidas Até o pranto secar de vez Os olhos marcados de dores Prometeram nunca mais amar A alma, em sombras envolta Teimava em não descansar Se encerram Na fria lápide do acaso As juras ditas ao vento E o beijo tornado ocaso Não há perdão nem consolo Para quem mata por amor Restou-lhe apenas o dolo De ter silenciado a dor Na cela do próprio peito Cumpre pena sem fim Revivendo em cada sonho O instante do t...