Vergonha de Mim
Ando com vergonha de ser quem sou, De ter me perdido por caminhos que eu mesma condenei, De ter permitido os insultos e os dissabores que tanto detesto, De ter aceitado tão pouco, sabendo que mereço mais. Ando com vergonha de mim, Dessa solidão que tento, em vão, convencer ser boa, Do silêncio ensurdecedor que implora por socorro, Da falta de amor-próprio à qual me acostumei. Ando com vergonha de me encarar no espelho, De me ver em máscaras, Em recortes, em papéis de desilusões, Em amarras dolorosas de uma fortaleza que nunca existiu. Da palidez dos sonhos se desfazendo, aos poucos, pelos cantos, Das marcas de um desprezo profundo ao qual me entrego. Vergonha de ser eu. Vergonha de não me sentir como deveria, Da ânsia que embrulha o estômago com azia, Por não conseguir assimilar minhas angústias. Vergonha. Vergonha das minhas crises, Das cicatrizes ainda vivas, Das feridas mal cicatrizadas Que, em dor, suplicam por cura. Ando com vergonha… Do que já nem sei...